José Maria Ricciardi, ex-banqueiro de 64 anos, concedeu uma entrevista ao jornal Record onde abordou vários assuntos relacionados com o universo sportinguista e não escondeu a sua preocupação pelo rumo que o Sporting está a seguir com a direção de Frederico Varandas.

O antigo candidato à presidência do Sporting garantiu também que não está em campanha, mas desafiou a direção de Frederico Varandas a sair pelo próprio pé caso não arranje soluções para que o clube não continue a lutar pelo quarto lugar.

Questionado sobre uma alegada reunião com potenciais investidores no sentido de garantir 200 milhões de euros, José Maria Ricciardi garantiu apenas que 'arranjou os meios' para reunir '200 milhões de euros para o Sporting.

"Consegui reunir esses meios. Tenho 200 milhões de euros para o Sporting. Não vou dar pormenores porque não posso. Neste momento não sou absolutamente nada, a não ser alternativa. Se os sócios entenderem que devo tomar conta do clube, garanto que tenho essa solução", começou por dizer o ex-banqueiro de 64 anos, para depois acrescentar: "[São investidores] Estrangeiros. Mas não posso revelar mais".

Sem esconder a sua posição contra a atual direção do Sporting, José Maria Ricciardi assumiu-se como futuro candidato à presidência do clube de Alvalade, e considerou que o clube tem de mudar rapidamente de estratégia.

"[Se penso em candidatar-me?] Sim. E eu acho que tem de ser o mais cedo possível. Quando me candidatei, disse que não me revia em nenhuma outra candidatura, por isso não é surpresa. Infelizmente, tinha toda a razão. O problema era complicado, dramático mesmo, e isto só demonstra a total impreparação e incompetência do conjunto de estagiários e amadores que elegemos para o Sporting. Eles nem sabiam ao que iam! E agora dizem que é um drama. Até falam de colchões, quando eles estavam lá há vários anos. Temo pelo pagamento aos sócios que andaram a tentar ajudar o clube", frisou o ex-banqueiro.

Sobre a possibilidade de haver uma Assembleia Geral de destituição e consequente marcação de eleições presidenciais, Ricciardi garantiu que não irá provocar nada, mas se houver eleições será candidato.

"Eu não vou provocar nada [AG de destituição]. Se a direção tivesse grande sportinguismo e elevação, devia demitir-se. Se achar que não, devia ser o presidente da Assembleia Geral [Rogério Alves], ele próprio, a provocar a demissão. Caso contrário, caberá aos sócios decidir", afirmou Ricciardi.

"Passado um mês das eleições, disse que o Sporting estava em pré-insolvência e caiu-me tudo em cima. Gostava de não ter acertado, mas acertei. Agora está à beira da insolvência. Deve dinheiro a toda a gente, não pagou metade do pavilhão. Enfim, é um filme de terror. O empréstimo da Apollo vai custar ao Sporting 5 milhões de euros por ano", revelou Ricciardi sobre a atual situação do Sporting, garantindo que o empréstimo da Apollo é "um mau negócio para o Sporting.

"[O empréstimo da Apollo] é péssimo. Estamos a hipotecar o futuro sem dar nenhuma solução ao Sporting. Vamos pagar dívidas e salários e daqui a seis meses estamos exatamente na mesma. O fosso está cada vez maior e com a equipa do Dr. Varandas será cada vez mais difícil recuperar. [A alternativa?] A que eu propus. Uma operação de fundo com investidores para comprar a dívida a desconto e as VMOC. Investidores para entrar com capital também", explicou José Maria Ricciardi.

Em relação aos alegados 200 milhões que tem para investir no Sporting, José Maria Ricciardi que o mesmo seria para investir no plantel da equipa principal.

"[O montante que tenho garantido seria também para investir no reforço do plantel?] Claro. Com este dinheiro proponho trazer um grande treinador, que já tenho apalavrado, e seis ou sete jogadores indiscutíveis", atirou o ex-candidato à presidência do Sporting.

Questionado diretamente se está a pensar concorrer à presidência do Sporting antes do final da época, Ricciardi voltou a frisar que não está em campanha, que o futuro do clube depende apenas dos sócios, e aproveitou para lançar mais um ataque à atual direção leonina.

"Não estou a pensar em nada. Quem decide são os sócios. Se eles quiserem que o Sporting seja o novo Belenenses, com todo o respeito, continuam com o dr. Varandas. Dizia que o dinheiro da transferência do Gelson ia ser uma realidade, que ia receber imenso pelo Rui Patrício...Aproveito para perguntar: porque é que ele nunca falou do Rafael Leão? Porque é que nunca foi a França? Se Sousa Cintra não tivesse conseguido trazer de volta o Bruno Fernandes e o Bas Dost, estávamos a meio da tabela. Essa é que é a realidade", atirou Ricciardi.

A terminar, o antigo banqueiro voltou a frisar que não está em campanha antes de mostrar-se muito preocupado com o rumo do clube de Alvalade.

"Eu não estou em campanha. Estou preparado para pôr o Sporting no lugar que lhe é devido, se os sócios assim o entenderem. Estou pronto para ser campeão. Agora, tenho a humildade de dizer que isso não depende de mim. [Quando tempo vai demorar?] Não faço a mínima ideia. O Sporting para o ano vai ter outra vez uma receita muito inferior à dos seus congéneres. Além disso, está a alienar o futuro antecipando receitas de televisão. De um contrato de cerca de 500 milhões de euros, o Sporting vai ficar com 270 milhões; 230 milhões de euros já foram à vida! E faltam 10 anos! Se o Sporting não tiver uma injeção de dinheiro, não conseguirá recuperar. E está a lutar arduamente pelo 3º lugar com uma equipa que gastará um terço do seu orçamento. Esta direção não tem alternativas e está a reboque dos acontecimentos. Não perceberam o que iam encontrar e agora estão numa situação completamente fragilizada. Ouçam, o meu passado fala por mim. Quando se seu a resolução do BES, eu estava a presidir ao banco de investimento que transitou para o Novo Banco…", disse Ricciardi antes de falar sobre a Haitong e da sua imagem pública.

"[O Haitong] vendi-o a uns investidores que pagaram ao Novo Banco mais 10% do que o 'Book Value', quase 400 milhões de euros. E ainda pagaram uma dívida ao Novo Banco, de 750 milhões de euros. Portanto, fiz entrar perto de 1,2 milhões de euros no Novo Banco, com investidores que arranjei. E fiz isso devido às relações e à capacidade que tenho".

[Imagem pública deteriorada?] Não, não acho nada. Fui totalmente ilibado nos tribunais. Fui ilibado no Banco de Portugal. Estive a presidente do banco aproximadamente mais três anos. A minha idoneidade nunca foi retirada. Não há deterioração nenhuma. Isto não é um problema sanguíneo. É um problema das pessoas e da responsabilidade de cada um", sentenciou Ricciardi.