Esta terça-feira, à margem da Web Summit, o presidente da Liga afirmou que o clube e a SAD do Belenenses estariam mais perto de chegar a um acordo. Pedro Proença revelou acreditar no entendimento entre as duas partes e garantiu ter reunido com o presidente da SAD, Rui Pedro Soares e o presidente do clube, Patrick Morais de Carvalho.

"Temos tido reuniões com o presidente do Belenenses e da SAD e tudo temos feito para que haja um entendimento. Temos a esperança de que ainda seja possível chegar a um acordo porque uma marca como o Belenenses não se pode perder", disse Pedro Proença.

Horas depois, o presidente da Liga foi desmentido por Patrick Morais de Carvalho através de uma publicação nas redes sociais. O presidente do CF Belenenses garantiu que as reuniões mencionadas por Pedro Proença não aconteceram.

"O Clube de Futebol Os Belenenses sempre esteve disponível, no tempo certo, para falar com todos os intervenientes do mundo do futebol sobre este tema, mas por uma questão de rigor tenho que dizer que a última vez que o CFB (representado por mim e pelo vice-presidente Frederico Abecassis) e a Liga (representada pelo seu presidente e pela senhora diretora executiva Dra. Sónia Carneiro) reuniram foi no dia 17 de Janeiro de 2018. Depois dessa data não houve mais nenhuma reunião formal ou informal entre o CFB e a Liga ou entre mim e o senhor presidente da Liga", referiu.

Patrick Morais de Carvalho frisou ainda que "depois dessa data não houve mais nenhuma reunião formal ou informal entre o CFB e a Liga ou entre mim e o senhor Presidente da Liga".

O caso Belenenses

Tudo começou em novembro de 1999, com a criação da Sociedade Anónima Desportiva do CF Os Belenenses para gerir o futebol profissional. Em 2012 os sócios votaram a favor da venda da maioria do capital da SAD à Codecity Sports Management, um fundo de investimento liderado por Rui Pedro Soares, com o Belenenses a ficar apenas com uma participação de 10 por cento. Desde então, vigorava um protocolo assinado por ambas as entidades, que cessou no dia 30 de junho de 2018. A decisão de acabar com este acordo saiu de uma Assembleia-geral, depois de um tribunal ter dado razão à SAD sobre a extinção do acordo parassocial assinado em 2012 e que previa a recompra da maioria do capital da sociedade por parte do clube. O Belenenses Clube tinha deixado passar o prazo para a recompra da SAD e quando tentou, a Codecity assim não o quis.

Neste 'divórcio' a 'separação de bens' ficou feita da seguinte forma: a Belenenses SAD ficou com a equipa de futebol profissional e a de sub-23, o Belenenses Clube ficou com o resto: o estádio do Restelo e o complexo desportivo, o património onde também se inclui o bingo e alguns terrenos, o futebol de formação, as modalidades amadoras (cerca de 300 equipas e quase cinco mil atletas em todos os escalões de todas as modalidades). Após a separação, o clube iniciou diligências no sentido de impedir a SAD de utilizar a marca Belenenses.

No final do mês de outubro, o Tribunal da Propriedade Intelectual decidiu que a SAD do Belenenses está proibida de utilizar marcas, símbolos, o lema e o hino do Belenenses.

De acordo com a informação veiculada pelo comunicado do Belenenses, o Tribunal da Propriedade Intelectual deferiu vários pontos de uma providência cautelar interposta pelo clube contra a SAD, nomeadamente sobre a utilização da marca, nome e símbolos do emblema, disse hoje o clube.

"A SAD está obrigada a deixar de se apresentar com marcas e símbolos que se confundam com aqueles que o Clube de Futebol ‘Os Belenenses’ usa há quase 100 anos, e que se encontram identificados nos seus estatutos, designadamente o seu emblema e a cruz de Cristo", pode ler-se no comunicado do clube lisboeta.

No entanto, a SAD do Belenenses garante que irá continuar a usar o nome do clube, apesar da decisão do tribunal. "A equipa de futebol do Belenenses continuará a usar o nome que sempre foi, é e será o seu (...) É também seguro que o Belenenses continuará a competir na I Liga, entre os maiores de Portugal, tal como foi propósito dos seus Fundadores".