A Primeira Liga de Futebol deverá ser retomada no final deste mês de maio, depois de ter sido suspensa em 12 de março devido à pandemia de COVID-19. A garantia foi dada há momentos pelo Ministro do Economia, Pedro Siza Vieira, em declarações feitas na Assembleia da República.

António Costa confirma: Liga regressa com jogos à porta fechada

Após uma reunião do conselho de ministros, Pedro Siza Vieira disse, num debate sobre a retoma da economia na Assembleia da República, que "no final do mês [de maio] poder-se-á retomar a competição profissional na I Liga de futebol". A final da Taça de Portugal, entre o FC Porto e o Benfica, também será realizada, faltando definir a data.

"A partir de segunda-feira a prática de desportos individuais ao ar livre será permitida. Depois, no final do mês, poder-se-á retomar a competição profissional na Primeira Liga de futebol", sublinhou o ministro, não dando mais indicações.

Momentos depois, em comunicado ao país sobre as medidas  que constam no plano de desconfinamento aprovado hoje em Conselho de Ministros, quanto à transição estado de emergência, que cessa no sábado, para o estado de calamidade, o Primeiro-ministro António Costa confirmou que os jogos serão a porta fechada.

"A partir de segunda-feira estará autorizada a prática de atividade física individual ao ar livre fora de competição, com a exclusão da utilização de balneários e piscinas. Os restantes desportos, em recinto fechados ou desportos de combate, continuarão a não ser permitidos. A única exceção tem a ver com a possibilidade de, a partir do fim de semana de 30 e 31 de maio, se iniciar a conclusão das provas das equipas da Primeira Liga, permitindo a disputa das últimas dez jornadas e também da final da Taça de Portugal", sublinhou António Costa.

No entanto, esta decisão do Governo terá de ser aprovada pela DGS.

"Gostaria ainda de dizer que esta situação está sujeita ainda da aprovação da DGS quanto ao protocolo sanitário que a Liga nos apresentou, indispensável a que essa atividade possa ser retomada. Em qualquer caso, esse reinício será sempre feito à porta fechada, sem público nos estádios, qualquer que seja ele, seja na Primeira Liga como na final da Taça" concluiu.

Na reunião que manteve, no dia 28 de abril, com os presidentes de Benfica, FC Porto, e Sporting, Luís Filipe Vieira, Jorge Nuno Pinto da Costa e Frederico Varandas, e ainda Pedro Proença, presidente da Liga de Clubes, e Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, o Primeiro-Ministro António Costa tinha deixado bem claro que a decisão sobre o regresso do futebol tinha de ser "sustentada em fundamentos técnicos de saúde", avisando que "não se poderão correr riscos que coloquem em causa atletas e adeptos".

"O futebol, quer queiramos quer não, é mesmo o desporto rei. A vontade que sentimos de voltar a assistir ao vivo a um jogo de futebol e de vibrarmos com os golos da nossa seleção é imensa. Sendo essa, acredito, a nossa vontade coletiva, essa decisão não pode ser emocional nem tomada de impulso", lembrou António Costa na altura, numa mensagem publicada nas redes sociais.

Segunda Liga não será retomada

A I Liga foi suspensa por tempo indeterminado em 12 de março, após 24 das 34 jornadas – com o FC Porto na liderança da I Liga, com um ponto de vantagem sobre o campeão Benfica –, faltando disputar 90 jogos.

Já a II Liga, que também foi interrompida após a 24.ª jornada, não recebeu ‘luz verde’ do Governo para o seu reatamento.  Na altura da suspensão, Nacional e Farense ocupavam os dois lugares de subida na II Liga, com os madeirenses no primeiro lugar, com 50 pontos, mais dois do que os algarvios.

Na fase de perguntas e respostas, António Costa explicou o porquê de o Governo não ter permitido o recomeço da Segunda Liga.

"Tivemos oportunidade de ouvir a Liga e a FPF, tendo ficado definido que só para a Liga havia condições para se fazer esta reabertura para concluir a época, e sempre em condições limitadas. Seguindo com base num protocolo que a Liga nos preparou, que a DGS se encontra a avaliar. Tendo em conta a especificidade da atividade, o facto de a medicina do trabalho da mesma ser das mais qualificadas e exigentes e também pelas pessoas envolvidas, que são de baixo risco", justificou.

Na quarta-feira, já se tinha decidido o cancelamento dos campeonatos de andebol, basquetebol, hóquei em patins, voleibol, que se juntaram ao futsal, também cancelado, devido a pandemia de COVID-19.

Esta decisão de se retomar a I Liga vai ao encontro do que tinha pedido o presidente das Ligas Europeias de futebol (EL), esta quarta-feira. Durante uma uma videoconferência organizada pela Soccerex, Lars-Christer Olsson reforçou a intenção de se terminar as competições desta temporada "se for possível", devido à pandemia de COVID-19.

Mas a opinião da FIFA é outra. Na terça-feira, o presidente do Comité Médico da FIFA, o belga Michel D'Hooghe, defendeu, em declarações à cadeia de televisão britânica SkySports, que o futebol não deve regressar antes de setembro e assumiu que "é preciso ter mais paciência" face à crise mundial de saúde pública provocada pelo novo coronavírus.

E lá fora? França e Holanda cancelam provas, Alemanha, Inglaterra, Itália e Espanha aguardam

A Holanda foi o primeiro país das principais ligas europeias a dar por finalizada o campeonato, devido ao surto de COVID-19. Na passada sexta-feira, 24 de abril, a Real Federação Holandesa de Futebol (KNVB), em conjunto com os clubes, decidiu ditar como finda a competição de forma oficial, numa altura em que faltavam nove jornadas para o fim da Eredivisie, principal escalao do futebol holandês. A KNVB comunicou a decisão à UEFA na reunião de quinta-feira entre as várias federações nacionais europeias de futebol.

Na altura da interrupção devido à pandemia do coronavírus, Ajax e AZ Alkmaar estavam igualados na liderança do campeonato. Den Haag e RKC, que se encontravam abaixo da linha de água, irão manter-se no primeiro escalão, enquanto os dois primeiros da segunda Liga, SC Cambuur e De Graafschap, não irão subir ao principal escalão.

A França seguiu o mesmo caminho e deu por terminadas as épocas desportivas da Primeira e Segunda Divisões. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Édouard Philippe.

"Grandes eventos desportivos e eventos culturais, todos os eventos que juntem mais de cinco mil pessoas não poderão acontecer antes de setembro. A época de futebol 2019/2020 não poderá ser retomada", disse, em discurso na Assembleia Nacional francesa. De acordo com a rádio 'RMC', a Liga Francesa de Futebol deverá decidir durante o mês de maio a classificação final tida em conta para o acesso às competições europeias bem com as subidas e descidas de divisão.

Um dos pontos que mais incerteza causava era a realização de testes às equipas técnicas e aos jogadores, o que ia contra à estratégia definida pelo governo francês de testar apenas aqueles que tinham sintomas da COVID-19.

As ligas da Alemanha, Inglaterra, Itália e Espanha estão a aguardar pelas autoridades de saúde para tomarem decisões. Em Itália, o ministro do Desporto alertou que o regresso da temporada atual de futebol seria "cada vez mais apertado", sugerindo aos clubes que pensassem na próxima época. O governante explicou que os cancelamentos dos campeonatos de futebol em França e nos Países Baixos "podem forçar a Itália a seguir igualmente essa linha, o que se tornaria uma linha europeia".

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