O presidente do Marítimo, Carlos Pereira, disse hoje estar contra o desfecho diferente traçado para I e II Ligas portuguesas de futebol e que os clubes do segundo escalão não contestaram devido ao apoio financeiro.

Em causa, está o facto de a I Liga regressar, em 03 de junho, para se disputar as últimas 10 jornadas, enquanto a II Liga foi cancelada, após ambas terem estado paradas, devido à pandemia de covid-19.

“Se parasse a I e a II Ligas e se considerássemos o ‘ano zero’, com subidas e descidas administrativas ou sem subidas e descidas administrativas, eu estava plenamente de acordo. Agora não posso ter duas competições profissionais em que numa desce desportivamente e noutra sobe administrativamente, sem ter que disputar as últimas 10 jornadas”, defendeu, em declarações à RTP-Madeira.

O dirigente ‘verde rubro’ acrescentou que o apoio que as equipas da II Liga receberam condicionou a posição desses mesmos clubes nesta contestação.

“O que não há direito é que os clubes que já não disputavam praticamente nada, a troco de uns patacos, tenham cedido a não fazer esta contestação. É um direito que lhes assistia, mas, às vezes, as dificuldades financeiras que estão em cima de cada um os obriga a estarem calados e a prepararem a próxima época de uma forma diferente, sustentando o que os míseros 180 mil euros lhes proporciona para a próxima época. É por isto que o futebol não pode viver assim”, comentou.

A impugnação do Marítimo ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), em 15 de maio, sobre a suspensão definitiva da II Liga, trata-se de uma queixa à Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), à qual considera haver uma “liderança fraca”, além de uma “navegação à vista” e não uma ação contra Nacional e Farense, os dois primeiros classificados, garantiu Carlos Pereira.

“Daqueles que são os 149 artigos, para alterar foram escolhidos quatro para criar uma revolta entre Marítimo e Nacional, quando não tem nada de verdade, muito menos com o meu amigo João Rodrigues, [presidente] do Farense. Não queremos alterar por alterar. Queremos alterar para dar confiança ao que será o novo modelo de governação e a nova Comissão Executiva da própria Liga”, afirmou o presidente maritimista.

Carlos Pereira deixou ainda uma palavra ao homólogo do FC Porto, Pinto da Costa, após um desacordo entre os dois na última reunião de presidentes da I Liga, em causa devido ao dirigente do Marítimo ter considerado uma “traição” a reunião entre os líderes dos três ‘grandes’, os presidentes da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e LPFP e ainda o primeiro-ministro, em 28 de abril.

“Não percebo onde está a ofensa, mas percebo se dá jeito, e foi isso que eu disse, nesta altura, não reunir com o Benfica e com o Sporting, tem todo o direito de o fazer. Não tem é o direito de me usar para não estar em reuniões que foram aconselhadas a serem feitas, porque a posição tomada para a II Liga dá muito jeito à I Liga, mas, infelizmente, não vou ser campeão, não tenho interesse direto nisso, por isso, que me perdoe o meu amigo Jorge Nuno Pinto da Costa, mas vou ser igual ao que sempre fui”, respondeu.