O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, reiterou hoje que o primeiro-ministro, e políticos com “cargos de relevo”, não devem associar-se a clubes desportivos e rejeitou comentar o apoio do líder parlamentar ao presidente do Benfica.

“Para mim, e esta crítica foi dirigida ao primeiro-ministro, […] estes códigos éticos e morais são tão ou mais importantes do que aquilo que está na letra da lei, e eu parece-me que devem inviabilizar a associação de um primeiro-ministro ou de qualquer outro político que tenha um cargo de relevo na nossa democracia, um cargo público, de se associar ao presidente de um clube que, ainda para mais, sabe-se a dívida que tem ao Novo Banco, dívida essa que foi paga com o dinheiro de todos os contribuintes”, afirmou o líder centrista, repetindo a posição assumida na terça-feira.

Em declarações aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, Francisco Rodrigues dos Santos foi questionado relativamente ao facto de, além de António Costa, também o líder parlamentar do CDS, Telmo Correia, integrar a comissão de honra da recandidatura do presidente benfiquista, Luís Filipe Vieira.

Questionado se haverá consequências para o líder parlamentar, líder democrata-cristão não respondeu, tendo dito apenas que “a única consequência que existe é o presidente do CDS vincular a posição do partido”.

E apontou a crítica ao primeiro-ministro: “O CDS, do ponto de vista ético e moral, condena a atitude do primeiro-ministro em ter-se associado ao presidente de um clube, não fazendo uma separação higiénica entre a dimensão do futebol e a dimensão da política, com todos os conflitos de interesse que possam daí advir, violações do princípio de imparcialidade, que estão no código de conduta que foi aprovado pelo primeiro-ministro”.

Antes, tinha salientado que é sua função definir “a posição do partido face à conduta do primeiro-ministro” e indicou que na terça-feira deu o seu testemunho e não fez “qualquer proclamação retórica”, lembrando que deixou os cargos que exercia no Sporting quando decidiu candidatar-se à liderança do CDS.

“Os códigos éticos e morais pelos quais eu me rejo, e não quero com isto dar lições a ninguém, obrigaram-me a fazer um cordão sanitário e higiénico, separando o futebol da política, para evitar conflitos de interesses e credibilizar a cadeira de presidente do CDS, à qual eu me propunha”, acrescentou.

O líder parlamentar do CDS-PP recusou hoje comentar as críticas que lhe foram dirigidas pelo presidente centrista, por integrar a comissão de honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira ao Benfica, para "não prejudicar a imagem pública" do partido.

“Não comento as declarações do presidente do CDS sobre essa matéria”, afirmou Telmo Correia, justificando que não o fez “por respeito institucional” e para “não prejudicar de forma alguma a imagem pública do CDS”.

“Não obstante, teria muito a dizer sobre este assunto”, ressalvou o deputado.

Na terça-feira, o presidente do CDS criticou o apoio do primeiro-ministro ou de “qualquer outro político” à recandidatura do presidente do Benfica, defendendo que é um assunto relacionado “com a vida de todos” e não deve ser normalizado.