Antes do muito aguardado depoimento de Bruno de Cavalho, marcado para a tarde desta sexta-feira, foi a vez de outro dos arguidos do julgamento da invasão à Academia do Sporting, em Alcochete prestar declarações no Tribunal de Monsanto.

Ricardo Neves, adepto dos 'leões', começou por confirmar que integrava o grupo de whatsapp chamado de 'Alcochete amanhã'. "O objetivo desse grupo era combinar uma ida ao treino para conversar com os jogadores. Na minha ignorância, deixei-me influenciar. Não tinha a intenção de bater nos jogadores", garantiu.

O arguido explicou o porquê dos seus atos. "Tinha abdicado de muita coisa para seguir o clube. Achava que estava no direito de confrontar a equipa", recordou.

Referindo-se ao momento da invasão à Academia, Ricardo Neves reconheceu ter atirado uma tocha contra um carro, que confessou não ter percebido que era o de Nelson Pereira, treinador de guarda-redes dos 'leões'. Depois, contou como agiu. "Entrei, segui para o balneário e vi vários jogadores. Estava fora de mim e, naquela onda de estupidez, deixei-me levar ainda mais. Estava fora de mim. Jorge Jesus passou por mim e disse qualquer coisa que não percebi. No balneário, passei pelos jogadores, um a um, até dar de caras com o Acuña. Lembrei-me dos episódios da Madeira e agredi-o com uma chapada", admitiu.

Ricardo Neves mostrou arrependimento. "Quero pedir desculpa ao tribunal, espero ter tempo para remediar os meus erros. Estou envergonhado. Já sou melhor pessoa e quero cumprir os meus objetivos. Não gosto de ver o meu clube a perder, mas já não reajo como reagi naquele momento. Estive preso, deu para pensar muito e não deve ter sido fácil para as famílias deles terem passado por aqueles momentos de pânico", afirmou na conclusão do seu depoimento, visivelmente emocionado.

Ângelo Girão falou de "mensagens de incentivo" de Bruno de Carvalho

A 35ª sessão do julgamento arrancou com o depoimento de Ângelo Girão, guarda-redes de hóquei em patins do Sporting, arrolado como testemunha de Bruno de Carvalho.

"Bruno de Carvalho mandava-nos mensagens de incentivo. Ele queria ganhar tanto ganhar como nós", frisou o guardião, referindo-se ao antigo líder leonino como um presidente que estava próximo dos atletas. Girão recordou mesmo uma ida ao hospital em que Bruno de Carvalho fez questão de o acompanhar.

Bruno de Carvalho é o último arguido a depor

Bruno de Carvalho vai ser ouvido na parte da tarde da sessão desta sexta-feira na condição de arguido. O dirigente que liderou o Sporting entre março de 2013 e junho de 2018, é um dos 44 arguidos do processo da invasão, ocorrida em 15 de maio de 2018, e será, por pedido expresso, o último dos 21 que prestarão depoimento a ser ouvido pelo coletivo de juízes, presidido por Sílvia Pires.

O antigo líder dos ‘leões’, recorde-se, após a primeira sessão do julgamento, em 18 de novembro do ano passado, foi dispensado de marcar presença em tribunal em todas a sessões depois de ter alegado não ter carro e ter uma ocupação profissional.