O presidente do Sindicato de Jogadores (SJ), Joaquim Evangelista, condenou hoje os insultos racistas a Marega e elogiou a coragem do futebolista maliano ao abandonar o jogo de domingo entre Vitória de Guimarães e FC Porto.

“Impõe-se condenar este comportamento. É inqualificável que isto aconteça num estádio de futebol. Não é só uma ofensa à dignidade do Marega enquanto ser humano e cidadão pleno, é também um atentado ao desporto e ao nosso modo de vida”, disse Joaquim Evangelista à agência Lusa, sublinhando: “Marega teve esta coragem que outros não tiveram. Deu um murro na mesa e obrigou-nos a refletir sobre o tema.”

Considerando que existem “conquistas civilizacionais que não podem ser postas em causa”, o líder do SJ apelou à união da família do futebol no combate ao racismo e vincou que o que sucedeu na noite passada em Guimarães “foi um ataque ao homem, à dignidade, mas foi também um ataque aos valores de relacionamento, civilizacionais e à sociedade” em geral.

“Temos de olhar para o problema e mobilizar agentes desportivos e poder político para evitar que isto volte a acontecer. É um combate de todos os cidadãos. Veja-se o crescimento dos grupos de [extrema] direita, em Portugal e na Europa, à volta destes temas. Ninguém pode ser indiferente. Há valores que não podem ser negociados. A maioria das pessoas está ao lado do Marega, mas não podemos estar só por estar”, defendeu.

Embora veja a educação como a principal solução para tentar resolver o problema do racismo, até por considerar que “há muito racismo que não é visível, mas que existe no subconsciente”, Joaquim Evangelista exigiu também punições “severas e exemplares de condenação destes energúmenos” e pediu a intervenção imediata e concertada das autoridades desportivas.

“Tem de haver dos responsáveis desportivos uma posição que não seja titubeante. Uma posição firme, corajosa, e dar um sinal aos adeptos de que não podemos pactuar com isto. Os dirigentes têm de se reunir, não basta comunicados. Faz todo o sentido a FPF ou a Liga convocarem os presidentes e darem um sinal claro aos adeptos de que querem mudanças efetivas e condenarem igualmente todos os atos desta natureza”, defendeu.

O presidente do SJ foi ainda mais longe e, em solidariedade com Marega, admitiu uma hipotética paragem coletiva, caso continuem a verificar-se episódios racistas nos estádios.

“Se isto continuar assim, terão de tomar uma posição no futebol português que seja definitiva, e quando digo definitiva, eventualmente, pararem todos os jogadores. Hoje foi o Marega, mas o mais pequeno caso deve merecer condenação igual”, concluiu.

No domingo, Marega pediu para ser substituído ao minuto 71 do jogo da 21.ª jornada da I Liga, entre o FC Porto e o Vitória de Guimarães, depois de ter sido alvo de cânticos e gritos racistas por parte de adeptos da equipa minhota.

Vários jogadores do FC Porto e do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, numa altura em que os 'dragões' venciam por 2-1, resultado com que terminou o encontro.

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