O recém-empossado secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, priorizou hoje “um papel conciliador” face às críticas que recebeu no domingo do presidente do Sporting, Frederico Varandas.

“Tenho um papel conciliador e construtivo. É isso que procuro fazer, portanto não quero fazer nenhum comentário”, afirmou aos jornalistas, à entrada para o debate "Violência no Desporto: Prevenir e sensibilizar para um desporto melhor", que decorreu no Centro Paroquial de Mafamude e foi promovido pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.

No discurso para assinalar o 19.º aniversário do núcleo do Sporting de Carregal do Sal, Frederico Varandas fez duras críticas a quem elogiou o presidente do FC Porto, caso do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, que, em declarações à agência Lusa em 23 de abril, classificou Pinto da Costa de “referência do desporto nacional”.

“Senhor secretário de Estado, não é preciso a justiça portuguesa dizer o quer que seja para sabermos que o senhor Pinto da Costa é um corruptor ativo e alguém que deveria estar banido do dirigismo desportivo há décadas”, atirou o dirigente máximo dos ’leões’.

Sustentando essa acusação com os processos 'Apito Dourado' e 'Cartão Azul', Frederico Varandas estimou que “difícil é explicar a qualquer cidadão como é que uma pessoa apanhada a dizer isto [alegando escutas ilegais do ‘Apito Dourado’] não é condenada”.

“Ao senhor Pinto da Costa, por mais que lhe custe e por mais tentativas que faça para apagar as suas ações, será sempre recordado como um corruptor ativo e eu aqui estarei para lhe recordar até ao último dia da sua presidência que é um corruptor ativo e uma vergonha para o desporto português. Um país que reconhece o senhor Pinto da Costa como uma referência do desporto é um país sem valores. E um país sem valores é um país sem futuro. Portugal não pode nem nunca poderá ser esse país”, acrescentou.

Na segunda-feira, o FC Porto comunicou que vai “agir judicialmente” contra o presidente do Sporting, alegando que foram reproduzidas declarações “falsas e insultuosas” e que competirá à justiça avaliar “ações graves - e reiteradas - de pura piromania mediática”.

A troca de palavras começou em outubro de 2020, quando Frederico Varandas chamou “bandido” a Pinto da Costa, referindo que o presidente dos ‘dragões’ “no dia em que se retirar, ou for obrigado a retirar-se, prestará um grande serviço ao futebol português”.

Pinto da Costa interpôs uma queixa contra Frederico Varandas, devido a considerações “ofensivas da sua honra ou consideração através de meio de comunicação social” e, de acordo com a decisão instrutória do Tribunal Judicial da Comarca do Porto, o dirigente máximo dos ‘leões’ será julgado por ter difamado o seu homólogo dos ‘azuis e brancos’.

Frederico Varandas ‘reformulou’ de “bandido” para “corruptor ativo” a qualificação a Pinto da Costa, numa reação a essa decisão em 05 de março,  três semanas após o jogo FC Porto-Sporting, da 22.ª ronda da I Liga, que terminou empatado 2-2, e ficou marcado por desacatos entre jogadores e elementos das duas equipas dentro e fora do relvado.