O 30.º título de campeão nacional do FC Porto “teve mão do treinador” Sérgio Conceição, distingue o ex-futebolista Paulo Assunção, valorizando a reação à despedida dos influentes Luis Díaz, Sérgio Oliveira e Jesús Corona em janeiro.

“A equipa perdeu um jogador que era importante, o Luis Díaz, mas ficou no mesmo nível. Não é fácil perder um elemento destes e, depois, continuar ao mesmo ritmo. Creio que o treinador é a base, pois, mesmo perdendo atletas que têm peso, a equipa cresceu e foi campeã”, explicou à agência Lusa o antigo médio brasileiro dos ‘dragões’ (2005-2008).

O FC Porto venceu a edição 2021/22 da I Liga com um recorde de 91 pontos, seis acima do Sporting, anterior detentor do cetro, superando a fasquia dos 88 estabelecida pelo Benfica (2015/16) e no primeiro êxito de Sérgio Conceição com os nortenhos (2017/18).

“O objetivo desta época era o título e a equipa conseguiu-o ao jogar bonito e com raça. A época foi muito boa e todos os adeptos estão felizes de ver o FC Porto a ser campeão. O treinador tem mesmo muito mérito por ganhar um título num campeonato tão disputado como este. Depois, também gosto muito dos jogadores e do jeito de jogarem à FC Porto. A cara do clube é lutar até ao final para alcançar os títulos que sempre procura”, frisou.

Paulo Assunção encontra “ADN FC Porto” em Sérgio Conceição, que granjeou o terceiro campeonato (2017/18, 2019/20 e 2021/22) em cinco épocas no comando dos ‘dragões’, repetindo os êxitos vividos como jogador no mesmo clube (1996/97, 1997/98 e 2003/04).

“É um grandíssimo treinador e uma excelente pessoa. Se o FC Porto conseguir mantê-lo por mais tempo, só tem a ganhar. O Sérgio Conceição já tem muito tempo no clube e é respeitado por todos. Dá igual qual é o adversário que lhe aparece pela frente. Qualquer jogo é como se fosse um final para ele. Seja de Liga dos Campeões, I Liga ou Taça de Portugal, vai dar o máximo para ganhá-lo. Isso é a mística do FC Porto”, exemplificou.

Num percurso abrilhantado pelo recorde de 58 jogos sem perder no campeonato, que foi quebrado na única derrota sofrida em 34 rondas (0-1 com o Sporting de Braga, à 31.ª), o antigo médio nomeia como “momentos-chave” os ‘clássicos’ ocorridos na segunda volta.

“O jogo em casa com o Sporting [empate 2-2, à 22.ª jornada] era importante. O FC Porto não podia perder, mas tinha de ganhar ou empatar. Penso que foi um jogo chave para o título. Contudo, a luta foi até ao final, com uma vitória difícil na casa do Benfica [1-0, à 33.ª]”, lembrou, em alusão ao decisivo golo de Zaidu, que ‘selou’ a conquista do troféu.

Paulo Assunção, de 42 anos, assume gostar “de quase todo” o plantel, tendo destacado os desempenhos do guarda-redes Diogo Costa, do defesa Pepe, dos médios Otávio e Vítor Ferreira e dos avançados Mehdi Taremi, Evanilson, Pepê e Francisco Conceição.

“O FC Porto está mesmo com um ‘timaço’. A cada jogo que passa, os jogadores estão a crescer. É muito difícil defrontá-los, porque defendem muito bem e, depois, têm aquela saída muito rápida para o ataque, através da qual conseguem superar qualquer equipa”, analisou, endereçando elogios ao “fora de série e grandíssimo profissional” que é Pepe.

O brasileiro partilhou balneário em 2005/06 e 2006/07 com o internacional português, de 39 anos, falando num central que, duas décadas depois da estreia no escalão principal, “parece ter 20 anos, corre por todo o lado e traz essa raça e mística típica do FC Porto”.

“Para chegar a este nível nesta idade, correr do jeito que corre e comandar a defesa, é porque treina muito e é dedicado dentro e fora de campo. Talvez não perca noites, nem beba. Na hora de descansar, descansa. Isso ajuda muito. Por mim, ainda vai jogar por muito tempo e gostaria de o ver a jogar no Mundial [com a seleção nacional]”, afiançou.

O vencedor de três campeonatos, duas Taças de Portugal e uma Supertaça enaltece a conquista do 64.º troféu dos ‘azuis e brancos’ na ‘era’ Pinto da Costa, praticamente um mês após ter sido assinalado o 40.º aniversário da primeira eleição do atual presidente.

“Temos de lhe tirar o chapéu e merecia ainda muito mais por aquilo que fez no FC Porto nesses 40 anos. Ser campeão nacional já foi muito bom, mas vencer a final da Taça de Portugal [frente ao Tondela, em 22 de maio] seria um grande presente para ele. Agora, fico muito feliz pelo clube e pelo nosso presidente, pois aprendi ali muita coisa”, exaltou.

Tirando essa eventual nona 'dobradinha', depois de 1955/56, 1987/88, 1997/98, 2002/03, 2005/06, 2008/09, 2010/11 e 2019/20, Paulo Assunção lamenta as eliminações nas fases de grupos da Taça da Liga e da Liga dos Campeões, numa campanha nas competições europeias que acabou nos oitavos de final da Liga Europa, frente aos franceses do Lyon.

“O FC Porto caiu num grupo muito complicado na ‘Champions’. Jogar com Liverpool, AC Milan e Atlético de Madrid é muito difícil. Penso que foi um pouco falta de sorte. Com um grupo mais ou menos, dava para ter passado, tal como na Liga Europa. Penso que logo vai chegar o momento certo e o FC Porto voltará a ser campeão europeu”, ambicionou.