Um grupo formado por 15 antigos presidentes de clubes profissionais ameaça a liderança de Pedro Proença na Liga de Clubes. Terá sido este grupo quem escreveu uma carta há algumas semanas para exigir a demissão do atual presidente da Liga de Clubes, fragilizado com os acontecimentos dos últimos dias. Na AG desta quinta-feira não foi discutida a continuidade de Pedro Proença mas nas próximas eleições, é provável que o antigo árbitro internacional venha a ter oposição.

Este novo G-15 é liderado por José Godinho, que foi presidente da Oliveirense entre 2009 a 2016 e que para, já, só se conhece outro elemento: António Fiuza, antigo presidente do Gil Vicente.

"Este grupo reúne antigos presidentes que trabalharam muito para a Liga e gastaram muito dinheiro do próprio bolso, pelo que consideram ter direito a manifestar-se sobre o que se está a passar. Alguns deles estiveram no pior momento da Liga, lutaram muito para que o Mário Figueiredo abandonasse a Liga, que, então, nada tinha, só dívidas. Perante o atual cenário, começámos a sentir-nos incomodados com tudo o que se está a passar. Se sentimos que o nosso trabalho começou a ser posto em causa? Em parte, sim", explica José Godinho, em declarações ao jornal 'A Bola'.

Ao mesmo jornal, o antigo presidente da Oliveirense contou os contornos que levaram Pedro Proença à liderança da Liga de Clubes e sublinhou que se sentiu enganado pelo atual líder do organismo que organiza os campeonatos profissionais de futebol em Portugal.

"Numa reunião em Leiria, que reuniu todos os presidentes, conseguiu-se convencer o Dr. Luís Duque a assumir a presidência da Comissão Executiva. E ele num ano conseguiu resolver os problemas. O presidente do Benfica emprestou 300 mil euros, o presidente do FC Porto disse que não podia emprestar, mas que assinava uma letra, o que depois não aconteceu, mas nesse ano a Liga conseguiu os contratos de patrocínio com os CTT, a NOS, o acordo com o presidente da Federação para pagar a dívida em prestações", conta José Godinho, que, na altura, mostrou-se surpreendido com a candidatura de Pedro Proença, já que os clubes tinham acabado aprovar, por unanimidade "um voto de louvor a Luís Duque pelo trabalho desenvolvido".

Entre várias críticas a Pedro Proença no que entende serem posições incoerentes, José Godinho nega que a Liga de Clubes estivesse falida aquando da entrada da atual direção. E contou um episódio que teve a ver com o patrocínio da chinesa Ledman para a Segunda Liga.

"Eu, na altura, estava a negociar com os chineses esse contrato. Apresentei uma proposta de 30 milhões de euros por três épocas, que contemplava uma tabela de requisitos que, preenchidos, permitia que mais se recebesse. Numa reunião da Direção questionei como estava a situação com a Ledman e a resposta do senhor Pedro Proença foi de que não sabia de nada. Passadas duas semanas estava a embarcar para a China. Nós estávamos a conseguir um acordo de 30 milhões de euros e dávamos 20 por cento à Liga e ele fechou-o por seis milhões, ficou com 80 por cento e deu 20 por aos clubes da Liga 2, que são o parente pobre!", acusa José Godinho.

Entre muitas exigências, o novo G-15 entende que Pedro Proença "não tem a integridade necessária para estar à frente da Direção".

Entretanto, na edição desta terça-feira, o jornal 'A Bola' escreve que a Liga de Clubes vai avançar com uma queixa-crime contra José Godinho pela carta escrita onde é pedido a demissão de Pedro Proença.

Ainda sobre a referida carta, Pinto da Costa garante que a Liga de Clubes nada recebeu. Para o líder do FC Porto, tratam-se de manobras para minar a posição de Pedro Proença na liderança da Liga de Clubes.

"Li num jornal [...] que um grupo de 15 ex-presidentes escreveu uma carta a contestar o Pedro Proença. [...] E perguntei-lhe: 'então aquela carta, quem é que a assinou?' E ele disse-me que não tinha recebido carta nenhuma. [...] Não recebeu ele, nem ninguém da Liga, nem houve email para a Liga, nada. O que sabia era pelos jornais. Não acha curioso? Mandam uma carta para os jornais, que supostamente enviaram à Liga, mas a carta não chegou lá? É engraçado, não é?", questionou Pinto da Costa, para quem Pedro Proença tem todas as condições para continuar na liderança da Liga de Clubes.

Para Pinto da Costa, toda esta contestação a Pedro Proença faz parte de "uma luta de poderes entre a Federação e a Liga e do desejo que sempre houve de concentrar tudo na FPF, em Lisboa". "A única maneira de o fazer é desprestigiar o presidente da Liga. Se ele se encher e bater com a porta, ficam à vontade para trazer de volta o Luís Duque ou o Mário Figueiredo, que foi eleito com os votos de quem hoje o contesta", garantiu.