Na sua sétima temporada na Luz, Jorge Jesus está a ter um autêntico arranque em falso com as cores encarnadas. E nem o investimento histórico no plantel associada à contratação de um treinador que venceu praticamente tudo no Flamengo fez com que estivessem reunidos os ingredientes para um início de época, 'de arrasar' como se pretendia para os lados da Luz.

Fazendo as contas, o Benfica já desperdiçou 12 pontos ao cabo de 15 jornadas, igualando mesmo o pior arranque do treinador com as cores do Benfica, que teve lugar na temporada de 2010/11. Nessa época, acabou por ser o FC Porto de André Villas-Boas a conquistar o título.

Mas ainda há mais dados importantes para analisar, depois de mais um deslize do conjunto encarnado. O Benfica empatou em casa frente aos insulares, depois de 13 temporadas consecutivas em que só conheceu o sabor da vitória no estádio da Luz frente ao conjunto madeirense. Em 2018/2019, recorde-se, os encarnados tinham despachado o Nacional com um resultado histórico: 10-0.

Nas últimas quatro jornadas da I Liga, o Benfica somou apenas um triunfo (frente ao Tondela por 2-0) e três empates (Nacional, FC Porto e Santa Clara), o último precisamente frente a uma equipa que vinha de quatro derrotas consecutivas.

Olhando para os números é também muito clara a incapacidade que a equipa de Jorge Jesus tem tido para fechar a defesa lá atrás e guardar os resultados. Frente a insulares, portistas e açorianos, o Benfica esteve sempre na frente do marcador para deixou a vantagem escapar-lhe por entre os dedos.

Mudanças na defesa e os golos sofridos pelo ar

Nos últimas três partidas, quatro dos cinco golos sofridos pela defesa encarnada foram apontados de cabeça, depois dos tentos de Fábio Cardoso (Santa Clara), Abel Ruiz, Vítor Tormena (SC Braga) e Bryan Rochez do Nacional. Fustigado pela infeção da COVID-19, a defesa tem sido um dos sectores mais afetados na equipa orientada por Jorge Jesus, senão vejamos: Na partida frente ao Santa Clara, o Benfica alinhou com Odysseas, Gilberto, Vertonghen, Ferro e Grimaldo. Frente ao SC Braga (Taça da Liga), Helton Leite, João Ferreira, Jardel, Todibo e Cervi foram opções. Já na partida de ontem (segunda-feira) frente a Nacional: Svilar, Cervi, Ferro, Jardel e João Ferreira foram os jogadores escalonados, tendo em conta todos os condicionalismos, dadas as 10 baixas devido à COVID-19, a que se junta também a indisponibilidade de André Almeida por lesão.

Fazendo um comparativo entre esses três jogos, o Benfica alinhou com uma defesa completamente diferente nos compromissos frente a Santa Clara e SC Braga. Nos três encontros analisados, só Cervi, Jardel e João Ferreira repetiram por duas vezes a titularidade. Nota ainda para o facto do Benfica ter utilizado três guarda-redes diferentes nesses três embates: Vlachodimos, Helton Leite e Svilar. Em circunstâncias normais, sem a influência da COVID-19, Odysseas, Grimaldo, Vertonghen, Otamendi e Gilberto seriam os titulares. Jesus atribuiu à inexperiência o golo sofrido no encontro frente ao Nacional, quando Rochez se antecipou a João Ferreira para fazer o empate, mas a permeabilidade na defesa encarnada não se explica apenas pelas várias alterações na defesa. Há assim por isso muitas coisas a afinar para os lados da Luz, táticas e amímicas. E o dérbi com o Sporting está quase aí...