Enzo Pérez, atual jogador do River Plate, é um dos nomes que, certamente, muitos adeptos do Benfica ainda não esqueceram. Depois de um início em que gerou alguma desconfiança junto da massa associativa dos encarnados, que culminou com um regresso por empréstimo à Argentina, o médio regressou a Portugal e impôs-se no onze das águias.

O melhor período do argentino em Portugal aconteceu aquando da passagem de Jorge Jesus pelo clube da Luz. Em entrevista ao jornal La Nacion, durante a qual respondeu a 100 perguntas sobre a sua carreira, Enzo Pérez recordou a transformação posicional ao serviço dos encarnados e o papel fundamental de Jesus nessa mudança, mas também o início difícil no clube da Luz.

"Em Portugal, rompi a cartilagem do joelho ao fim de três jogos. Operaram-me e a recuperação custou-me imenso. Estava mal da cabeça, animacamente estava destroçado porque nunca tinha tido uma paragem tão grande. Estava sozinho com a minha mulher na primeira experiência fora do país e o joelho inflamava...Foi duríssimo. Chorava, não sabia como o joelho ia ficar, queria deixar de jogar. Falei com o presidente do Benfica: 'Por favor, deixe-me voltar seis meses ao Estudiantes, tenho de recuperar a minha cabeça, preciso de afeto'. O meu empresário falou com la Bruja [Juan Sebastian Veron, presidente do Estudiantes], deram o OK e nesse primeiro semestre de 2012 joguei no Estudiantes, , recuperei e regressei ao Benfica para poder jogar. A minha mulher, Maria Florencia, foi chave, pois apoiou-me até à morte nesses meses", começou por dizer Enzo Pérez.

Aquando do regresso ao Benfica, o médio argentino mudou a posição onde tinha vindo a jogar. Começou por ser extremo-direito, acabou a médio centro.

No Godoy Cruz, Chocho Llop, jogava como médio pela direita, em 4-4-2. [...] No Estudiantes, comecei a 8 [ndr: uma posição mais avançada que não a de médio centro] e depois disse tantas vezes a Alejandro [Sabella] que o meu sonho era ser médio-ofensivo, livre, atrás do 9, que ele acabou por me dar essa oportunidade em 2010 e vivi um semestre fantástico, tudo me saía bem. Para além disso, fomos campeões. No Benfica comecei pela direita e Jorge Jesus, hoje treinador do Flamengo, propôs-me jogar de duplo 6 [ndr: duplo pivot]. Eu não queria saber nada disso, não me via a jogar ali, mas ele disse-me: ‘Fica tranquilo, vamos treinar, vou mostrar-te vídeos, faremos exercícios depois dos treinos.’ Acabei por ser o melhor jogador do ano [2014] e Jesus tinha razão. É um monstro taticamente", atirou o internacional albiceleste.

Depois de recordar a final da Liga Europa para o Sevilha em 2012, Enzo Pérez foi questionado sobre o rivalidade que mantinha com os outros argentinos do plantel, nomeadamente Eduardo Salvio e Nico Gaitán.

"Não, não, com o Salvio não, éramos companheiros e ponto final. Já com o Nico Gaitán sim, havia mais bocas e comentários", atirou.