O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), Luciano Gonçalves pede responsabilidade aos vários intervenientes depois do clima de hostilidade que tem escalado nos últimos dias em torno das arbitragens.

O líder do organismo repudia as ameaças a Luís Godinho, árbitro do encontro de quarta-feira entre o Sporting de Braga e o FC Porto, da Taça de Portugal e aos seus familiares.

"Não é nada de novo, naturalmente são situações condenáveis e está mais do que na hora de se terminar com o ambiente que está implementado no nosso futebol", começou por dizer em declarações ao SAPO Desporto.

Luciano Gonçalves entende que os árbitros são sempre vistos como o alvo a abater e como "justificação para os insucessos desportivos". "É sempre a mesma estratégia ao longo dos anos, para justificar a nível interno os vários insucessos desportivos que vão acontecendo acabam por descarregar no alvo que entendem que é o mais fraco, que não é de todo", considera.

O dirigente fala de um "sentimento de revolta e impunidade" na classe e considera que deve haver 'mão mais pesada' das instâncias desportivas no que se refere a castigos a agentes desportivos.

"Sim, naturalmente aquilo que depende das instâncias desportivas, e nomeadamente refiro-me ao Conselho de Disciplina (CD), quando se tratam de agentes desportivos tem que existir uma mão mais pesada. Nós falamos tantas vezes e fazemos tanta comparação com o futebol inglês em tantos aspetos que também era interessante que começássemos a fazer essa comparação entre os castigos que existem em Inglaterra e os castigos que existem em Portugal quando se discute o trabalho da arbitragem", afiança.

Questionado sobre o que poderá ser feito em matéria de castigos, o líder da associação dos árbitros "considera que terão que ser mais punitivos e realmente dissuasores", pois os que existem neste momento "são irrelevantes", justifica.

Sobre as medidas que podem ser adotadas para estancar este ambiente de desconfiança em torno das arbitragens, Luciano Gonçalves defende medidas de fundo para "evitar a ferida" assim como a sensibilização dos dirigentes, mas também destaca os bons exemplos no futebol português.

"Não podemos estar a pensar em medidas avulso ou medidas para 'estancar o sangue', temos que ir mais a jusante e devemos pensar em medidas em conjunto para evitar a ferida. O que temos que fazer é pedirmos que exista sensibilidade para que existam castigos mais pesados e ao mesmo tempo sensibilizar-se os clubes para que de uma vez por todas eles consigam dar o exemplo. Felizmente temos bons exemplos de pessoas que estão à frente dos clubes que sabem estar à frente do futebol e alguns deles até se sentem prejudicados", conclui.

Recorde-se que a APAF vai solicitar uma reunião de caráter de urgência ao governo depois das ameaças de que Luís Godinho foi alvo.