Rúben Amorim prepara-se para, na próxima segunda-feira, defrontar pela terceira vez como treinador principal o Benfica. Será o reencontro com o clube no qual mais encontros disputou como jogador, ao longo de sete temporadas, com duas de empréstimo ao Sp.Braga pelo meio.

O SAPO Desporto recorda para o trajeto de Rúben Amorim 'de águia ao peito', antes de novo embate com o clube da Luz ao leme do 'eterno rival'.

Cartão de sócio exibido na apresentação

Foi a 7 de julho de 2008 que Rúben Amorim foi apresentado como jogador do Benfica. Vinha de cinco temporadas no Belenenses, clube onde fez a formação (com uma pequena passagem também pelos escalões jovens das 'águias' pelo meio). Aí, rezam as notícias da altura, fez questão de mostrar o cartão de sócio do clube, afirmando ser associado das 'águias' desde 1985, ano em que nasceu. E prometeu dar o máximo pelo Benfica. "Espero ter sorte, porque não basta ser-se bom jogador, acredito muito em mim e sei que vai haver pressão. Como adepto espero ganhar títulos, mas quero jogar e se puder fazer os jogos todos, faço-os", disse na altura.

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Era, então, um Benfica treinado por Quique Flores e Amorim era o quarto reforço a ser apresentado nessa temporada, depois de Yebda, Balboa e Carlos Martins. Outros tempos, outra realidade, com o Benfica a atravessar uma espécie de nova travessia no deserto (o Porto iria somar o 'tetra'), pouco depois de as 'águias' terem interrompido aquela que foi a sua maior 'seca' da história em termos de títulos de campeão.

Amorim cumpriu o prometido. Na primeira temporada de 'águia ao peito' totalizou 35 jogos, 31 dos quais como titular, e apontou dois golos. Pelo meio, o primeiro troféu pelo clube: uma Taça da Liga (competição à qual a sua história, quer como jogador, quer como treinador, está inevitavelmente ligada).

O (re)encontro com Jesus

A temporada seguinte seria a de afirmação definitiva no clube, coincidindo com a chegada de...Jorge Jesus ao leme das 'águias'. Amorim e Jesus já se conheciam bem. Afinal de contas, o então médio tinha trabalhado duas épocas (2006/07 e 2007/08) sob as ordens de 'JJ' no Restelo e era aí peça fundamental do 'xadrez' do técnico.

Foi pois, com naturalidade, aposta firme de Jesus na primeira temporada do treinador no Benfica: 38 jogos disputados, quatro golos marcados, mais uma Taça da Liga conquistada e o primeiro título de campeão nacional.

Na época seguinte, porém, as lesões começaram a apoquentar Rúben Amorim, limitando-o a apenas 18 jogos no conjunto de todas as competições. Ainda assim, e ainda com Jesus ao leme, festejou a conquista de mais uma Taça da Liga. Na temporada seguinte, e com a titularidade tapada nas 'águias', rumou a um período de época e meia de empréstimo ao Sp.Braga (onde, curiosamente, conquistaria nova Taça da Liga).

Regresso ao Benfica e mais dois títulos, antes do fim (prematuro) da carreira

Em 2013/14 voltaria a integrar o plantel principal do Benfica, ainda com Jorge Jesus ao leme do clube da Luz. E para mais uma época repleta de êxitos. Esteve presente em 37 jogos, 21 dos quais como titular, e celebrou a conquista de mais uma Taça da Liga, da Taça de Portugal e de mais um título de campeão nacional, numa temporada em que o Benfica atingiu também a final da Liga Europa.

A época seguinte, 2014/15, seria menos profícua e seria também a sua últimoa no Benfica. Com Jesus a fazer também a sua derradeira época antes de rumar ao comando técncio do Sporting, Rúben Amorim, novamente atormentado por lesões, ficou-se pelos 14 jogos (apenas cinco como titular). Suficiente, ainda assim, celebrar a conquista de mais dois troféus (nova Taça da Liga - a sexta como jogador, às quais juntou já mais duas como treinador - novo título de campeão nacional, o terceiro).

Terminada a temporada, rumou ainda ao Al-Wakrah, do Catar, emprestado pelo Benfica, onde terminaria a carreira pouco depois, com apenas 32 anos, não mais voltando a vestir a camisola das 'águias'.

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Ao todo, Rúben Amorim disputou 154 jogos e marcou 6 golos de 'águia ao peito'. Conquistou 5 Taças da Liga, 3 Ligas portuguesas, 1 Taça de Portugal e uma Supertaça.

Pelo meio, ainda como jogador, com as camisolas de Belenenses e Sp.Braga defrontou o Benfica em 11 jogos. Somou apenas duas vitórias (ambas ao serviço do clube do Restelo, uma delas por 4-1), três empates e seis derrotas.

Uma vitória e uma derrota ante o Benfica como treinador

Terminada a carreira de jogador de forma tão prematura, Rúben Amorim aventurou-se pela de treinador. E os resultados têm sido assinaláveis. Começou por desempenhar as funções de treinador 'estagiário' no Casa Pia, num processo que até acabaria envolto em polémica, mas com Amorim a colocar o histórico clube na rota da II Liga.

António Salvador, presidente do Sp.Braga, foi então buscar Rúben Amorim para este assumir o comando técnico da equipa B do clube minhoto. Aí somou oito vitórias em 11 jogos. Suficiente para que o presidente o colocasse, no início de janeiro, como treinador da equipa principal.

A estreia foi logo em grande, com uma goleada por 7-1 no terreno do Belenenses SAD, dando início a um ciclo de vitórias do treinador que só viria a ser parado na Liga Europa. Pelo meio, uma vitória sobre o Benfica em pleno Estádio da Luz, por 1-0 (golo de...João Palhinha) na primeira vez em que defrontou as 'águias' como treinador.

Mas a alucinante temporada de 2019/20 de Amorim ainda iria ter, como se sabe, mais uma aventura, depois de 10 vitórias em 13 jogos como treinador do Braga (e mais uma Taçada da Liga, agora como treinador, conquistada). No início de março assumia o leme do Sporting. Obteve seis vitórias em 11 jogos até ao final da temporada pelos 'leões', fechando a temporada com uma derrota frente ao Benfica, na Luz, por 2-1. Quer isto dizer que, como treinador, o registo de Rúben Amorim contra o Benfica é, para já, de uma vitória e uma derrota em dois jogos, dois golos marcados e outros tantos sofridos.

Primeiro embate com o 'mestre' Jorge Jesus adiado

Depois de uma temporada 2019/20 que, de certa forma, deixou 'água na boca', a temporada de 2020/21 de Rúben Amorim ao leme do Sporting vem superando as previsões até dos mais otimistas, com os 'leões' na isolados no topo da I Liga, onde ainda seguem invictos, e com seis pontos de vantagem sobre o Benfica, agora novamente treinado por Jorge Jesus.

Era, pois, grande a expectativa para aquele que deveria ser o primeiro frente a frente entre Rúben Amorim e Jorge jesus como treinadores principais. O duelo que iria opor o aluno contra o mestre.

É que, ao todo, Rúben Amorim disputou nada mais, nada menos do que entre Belenenses e Benfica, nada mais, nada menos do que 181 jogos sob as ordens de Jorge Jesus. O primeiro foi a 10 de novembro de 2006, um Belenenses-V.Setúbal que os 'azuis' ganharam por 2-0. O último foi a 9 de maio de 2015, numa vitória por 4-0 do Benfica sobre o Penafiel. Nesses 181 jogos, somaram juntos 118 vitórias, 30 empates e 33 derrotas. Amorim apontou seis golos às ordens de Jorge Jesus, conquistou três títulos de campeão nacional, quatro Taças da Liga, uma Taça de Portugal e uma Supertaça.

O técnico das 'águias', porém, encontra-se a contas com uma infeção com COVID-19 que o vai afastar do banco no dérbi da próxima segunda-feira, em Alvalade. Teremos, pois, de esperar para ver se Amorim será (ou não) capaz de superar aquele que é o seu maior 'mestre' como treinador.