Foram seis, mas podiam ter sido mais. A goleada de 6-1 aplicada pelo FC Porto ao Paços de Ferreira na 9.ª jornada da I Liga, espelha bem a diferença das duas equipas, mas ela só acontece porque no futebol uma equipa joga aquilo que a outra permite. E os ´castores` permitiram muitas veleidades a um FC Porto furioso, magoado, de raiva, após o desaire na 3.ª feira passada frente ao RB Leipzig. A exibição na Alemanha pedia uma resposta rápida para repor os índices de conectividade com os adeptos e restaurar a imagem do FC Porto de Conceição: agressivo, pressionante, asfixiante, goleador, com futebol de qualidade.

O jogo: primeira parte de luxo na melhor exibição da época

Sérgio Conceição tinha prometido uma resposta cabal e deu-a. A equipa voltou ao 4-4-2 clássico, com dois avançados móveis na frente e dois extremos de muita qualidade no drible e em progressão. Corona voltou ao onze, tal como Ricardo. José Sá manteve a baliza, naquela que foi a sua estreia na Liga.

E que FC Porto tivemos? Uma equipa que parecia ter pressa em apresentar um pedido de desculpas aos adeptos com uma exibição de gala e muitos golos. Era preciso recuperar da má imagem dada na Alemanha e só havia um caminho: vencer e convencer. E foi o que fez a equipa de Sérgio Conceição. Com um futebol rápido, a explorar toda a largura do terreno, com Brahimi e Alex Telles na esquerda e Corona e Brahimi na direita, o FC Porto asfixiou o Paços de Ferreira, remetendo a equipa de Vasco Seabra ao seu meio-campo.

O Paços de Ferreira nunca conseguiu encontrar uma fórmula para travar a dinâmica atacante azul-e-branca. Ao tentar defender alto, deixava espaço nas costas tão bem exploradas por Marega e Aboubakar, jogadores muito rápidos. Nas alas a qualidade individual de Brahimi, Corona, Alex Telles e Ricardo, aliada à velocidade, provocava desequilíbrios difíceis de travar. Se ao FC Porto saia quase tudo certo, ao Paços saía tudo errado.

Das poucas vezes que o Paços conseguiu intrometer-se na saída do FC Porto e recuperar a bola, fez golo. Welthon progrediu no espaço que lhe foi dado, encheu-se de fé empatou aos oito minutos, num remate a 25 metros da baliza. O golo que podia catapultar os ´castores` despertou ainda mais um Dragão impiedoso. Em 33 minutos, marcou quatro golos e outros mais ficaram por marcar. Ricardo estreou-se a marcar na liga, Felipe fez-se de avançado e também marcou, Marega aproveitou para bisar e fazer o seu sétimo golo na prova. Todos os golos tinham um denominador comum: ou nasciam de jogadas iniciadas em Brahimi ou eram assistências de Ricardo (fez três no jogo).

No segundo tempo o Paços organizou-se melhor na defesa, o FC Porto apareceu menos arrasador, mas ainda foi a tempo de fazer mais três golos (só dois é que valeram) e falhar mais um punhado de oportunidades. Destaque aqui para Mário Felgueiras que, apesar de ter sofrido seis golos, esteve em bom plano na baliza pacense. No segundo tempo só não travou os remates de Corona e Aboubakar.

A noite era de gala no Dragão, mas ainda permitiu a Conceição descansar Danilo, Corona e Brahimi, e dar minutos a Hernâni e André André e estrear o jovem Galeno.

Resposta convincente após o desaire na Champions de um Dragão que coloca pressão sobre os rivais Benfica e Sporting e dá um sinal claro de que a exibição frente ao RB Leipzig foi apenas um acidente.

Quanto a questão da baliza, a mesma deverá estar resolvida com a exibição segura de José Sá. O português veio para ficar.

Momento-chave: Dragão respondeu rápido ao golão de Welthon e partiu para a goleada

O golo madrugador de Ricardo aos quatro minutos teve resposta imediata do Paço que empatou aos oito por Welthon. Só que dez minutos depois Felipe voltava a colocar o FC Porto na frente, devolvendo a confiança à equipa azul-e-branca. As ideias dos ´castores` em discutir o resultado ´morriam` aí.

A polémica: Golo bem anulado ao FC Porto

Nuno Almeida teve uma arbitragem tranquila, sem casos de maior, apesar de um outro assobio da plateia do Dragão por causa dos amarelos. Aos 55 validou o golo de Felipe, na sequência de um canto, e que daria o 5-1, mas, após consultar um dos árbitros assistentes, recuou e anulou a jogada por fora-de-jogo de Aboubakar. Boa decisão já que o camaronês, que está em posição irregular, faz-se à bola, apesar de não conseguir desvia-la.

Os melhores: Brahimi inspirado só foi travado por Mário Felgueiras

Brahimi: depois de uma exibição pobre em Leipzig, o argelino apresentou-se em grande plano. Quase todas as jogadas de perigo do FC Porto tiveram início no argelino que só não marcou porque o defesa Ricardo e Mário Felgueiras não quiseram.

Mário Felgueiras foi o melhor do Paços de Ferreira e evitou que o resultado fosse outro. Com um punhado de boas intervenções, foi negando as intenções dos azuis-e-brancos com defesas de grande qualidade.

Os piores: Defesa pacense não se viu em campo

As ideias de Vasco Seabra no Dragão eram boas e talvez até resultassem, mas noutro contexto. O técnico quis defender-se longe da sua área, pressionar alto o FC Porto, mas os seus jogadores não conseguiram pôr em prática essa estratégia. Muitos erros individuais de posicionamento e incapacidade para sair com bola tornaram os ´castores` numa presa fácil.

A voz dos protagonistas:

Sérgio Conceição: "Estamos muito determinados em chegar ao título, mas temos de estar unidos"

Ricardo Pereira: "Ao intervalo disseram-nos para não tirarmos o pé do acelerador"

Mário Felgueiras: "Temos de pedir desculpas aos nossos adeptos"

Vasco Seabra: "É um resultado muito pesado"

Veja o resumo do jogo