A Liga Portuguesa de Futebol Profissional deve definir mecanismos de controlo e fiscalização do investimento estrangeiro nos clubes, defendeu hoje o presidente do Sindicato de Jogadores (SJ), Joaquim Evangelista, a propósito da crise que afeta o Desportivo das Aves.

“O problema mais grave das competições neste momento tem a ver com o investimento estrangeiro. O escrutínio não está a ser feito ou não é eficaz e tem de ser feito pelo regulador: o futebol autorregula-se e a Liga tem essa função. É preciso escrutinar essas pessoas, que muitas vezes estão ligadas a fenómenos de ‘match-fixing’ e põem em causa a integridade das competições”, afirmou o líder do SJ, à margem do 18.º Estágio do Jogador, em Odivelas.

Com a grave crise que afeta a SAD do Desportivo das Aves em perspetiva - na qual já se verificaram nove rescisões de contrato de jogadores, entre outros incidentes -, Joaquim Evangelista considerou “fundamental saber a proveniência do dinheiro e os titulares desse capital” e apelou a que a Liga evite a repetição de casos como o do clube ‘avense’.

“Hoje, basta ir ao Google para perceber quem é quem; se nós temos essa capacidade, o regulador também deve ter”, frisou, acrescentando: “A partir do momento em que há um clube que em março deixa de pagar, os seus profissionais ficam vulneráveis, permitindo que haja o risco de serem abordados para eventuais atos ilícitos. E isso podia ter sido evitado. Em vez de estarmos a discutir este problema agora, devíamos estar a festejar os vencedores e isso não está a ser conseguido, o que é injusto”.

Por conseguinte, o presidente do Sindicato enfatizou a importância de “não atacar o problema em cima do joelho” e lançou a ideia da criação de “mecanismos compensatórios” na Liga para que possam ser acionados pelos clubes em incumprimento salarial, levando à consequente fragilização da integridade desportiva da competição.

“Quando isso acontecer, a liga tem de ter um mecanismo compensatório que se substitui ao clube, garantindo as condições financeiras até ao final da época para que a competição se mantenha equilibrada. No final da época, deve ser ressarcida por esse clube ou eventualmente por outro que venha a suceder na posição daquele clube”, concluiu.

O Desportivo das Aves, já despromovido à II Liga, despede-se do campeonato com a visita ao Portimonense, num encontro da 34.ª jornada, que será arbitrado por Hugo Miguel, da Associação de Lisboa.

A SAD, liderada por Wei Zhao, ameaçou na sexta-feira faltar à partida marcada para domingo, às 19:30, no Portimão Estádio, de forma a “salvaguardar a transparência na luta pela permanência”, receando “não reunir jogadores suficientes e que garantam uma equipa competitiva”.

Cinco dias depois, a administração recuou na intenção e frisou “estar a desenvolver todos os esforços” para assegurar a visita do Desportivo das Aves ao Algarve e “terminar a temporada com a dignidade e respeito que a instituição merece”, após a direção de António Freitas referir que já estava a tratar da preparação logística do encontro.

Os nortenhos começaram hoje a preparar o embate com o Portimonense, 17.º e penúltimo colocado e primeiro clube abaixo da zona de salvação, com 30 pontos, que luta com Vitória de Setúbal (16.º, com 31 pontos) e Tondela (15.º, com 33) pela permanência.