Em dia de clássico, ouvimos a voz de uma lenda do Benfica sobre a partida desta noite que coloca frente a frente águias e dragões. António Simões, jogador dos encarnados entre 1961 e 1975, alinhou em 29 clássicos, apontando sete tentos.

Em conversa telefónica com o SAPO Desporto, o ex-jogador dos encarnados considera que os momentos que as duas equipas vivem à chegada para o jogo desta sexta-feira pouco importa, uma vez que "cada jogo tem a sua história e este é mais um clássico". Contudo e apesar de esperar que a sua equipa regresse a casa com os três pontos na mala, António Simões deixa o alerta para o Benfica, que terá um teste no Dragão, contra uma equipa que tem sido "mais regular".

"Espero que seja um bom jogo, que os bons jogadores joguem bem e que o Benfica ganhe, mas vai ter dificuldades, disso não tenho dúvidas nenhumas. Tem de melhorar o seu rendimento neste confronto com o FC Porto. O FC Porto tem sido mais regular, é mais agressivo, é um bom teste para os dois, mas sobretudo para o Benfica", afirmou.

O antigo avançado das águias não esconde que o jogo desta noite pode ser um bálsamo para a confiança das águias e melhorar o ambiente à volta da equipa.

"Se ganhar este jogo pode ser [o que relança o Benfica num bom momento], com certeza. Traz um índice de confiança e uma recuperação psicológica enorme para todos os jogadores e para todo o ambiente, disso não tenho dúvidas. Mas que é um teste extremamente complicado, isso é", afirmou, antes de considerar que há jogadores que apesar de ainda não terem a noção de rivalidade entre Benfica e FC Porto terão de dar o seu melhor e mostrar o que valem.

"Vamos ver quem tem estofo para este tipo de jogos, há aqui jogadores que conhecem bem o FC Porto, mas não jogam há muito tempo no Benfica e, principalmente, não sabem muito bem o que é o clássico e a rivalidade que existe. Mas o que têm de ser é 100% profissionais, disponíveis para lutarem, correrem e jogarem bem, não há forma de fugir quando todos os olhos estão postos neste jogo, quem tem estofo tem de estar presente. Os grandes jogadores são aqueles que não têm receio dos grandes jogos", notou.

Questionado sobre quais os fatores que podem fazer a diferença no FC Porto-Benfica de hoje, António Simões destacou a agressividade que os portistas têm mostrado nos seus jogos.

"Diria que a agressividade com que o FC Porto joga pode ser determinante e é um teste para os jogadores do Benfica se serão capazes de ter a mesma agressividade, nem sempre a têm demonstrado. Claro que poderá sempre haver um ou outro jogador que poderá ter, individualmente, um momento de inspiração, mas é no coletivo. Pode o Benfica suportar a agressividade do FC Porto? Essa é a grande questão", questionou.

Aproveitámos a conversa com um dos históricos do futebol português para o questionar sobre os 29 clássicos em que esteve dentro das quatro linhas. Frisando que guarda na memória todos os golos que marcou nos duelos com os dragões, António Simões guarda uma partida em particular, da época de 1962/1963.

"Depois de termos perdido com o FC Porto em casa [4.ªJ  -SLB 1-2 FCP], fomos às Antas ganhar e ganhar o título [17.ªJ - FCP 1-2 SLB, golos de Simões e Eusébio]. Esse jogo foi muito marcante, não havia outra hipótese que não essa, ou ganhávamos para sermos campeões ou não ganhávamos e não eramos campeões", começa por recordar.

"Esse jogo foi fantástico, foi na época do Fernando Riera, um chileno que passou pelo Benfica, um homem extremamente inteligente e culto, à frente. Pagou um preço terrível por estar à frente dos outros. Mas lembro-me perfeitamente desse jogo. Claro que cada jogo tem a sua história e será sempre um clássico", acrescentou.

Por fim, o ex-jogador analisou a mudança à volta do ambiente deste clássico entre Benfica e FC Porto, um duelo que ganhou maiores proporções nos últimos anos, algo que não acontecia no seu tempo.

"A forma de olhar o FC Porto-Benfica e o Benfica-FC Porto aumentou substancialmente, hoje é um clássico a sério, com muita guerrilha, às vezes com aspetos verbais em jogo. Felizmente no meu tempo isso não existia, mas hoje tudo faz parte, tudo é mais complexo . O que espero é que o jogo corra bem e que não existam problemas, que ganhe o que jogar melhor", disse, antes de terminar com um apelo à responsabilidade dos jogadores.

"Os jogadores dos grandes clubes têm de dar o exemplo, têm um acrescento de responsabilidade naquilo que são os comportamentos e eu espero que isso aconteça", concluiu.

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