O presidente honorário António Freitas equaciona separar o Desportivo das Aves da administração do futebol profissional, caso vença no sábado as eleições mais concorridas do lanterna-vermelha da I Liga e encontre um clube em decadência desportiva e financeira.

“É primordial que os títulos pejorativos desapareçam por completo da comunicação social. Se a SAD continuar a ser motivo de confusão com o emblema do Aves, só terei de fazer uma coisa: descolar. Posso até intentar uma ação para que deixem usar o símbolo nas camisolas, tal como fez o Belenenses”, apontou à agência Lusa o candidato da lista B.

António Freitas, de 66 anos, vai “priorizar sempre o diálogo” para “credibilizar o Aves e garantir uma estabilidade financeira regular”, até porque a “via judicial é o pior caminho”, embora defenda que os incumprimentos salariais com jogadores e treinadores na estrutura liderada pelo chinês Wei Zhao “violem o protocolo” entre clube e SAD.

“A direção não tem culpa e o presidente Armando Silva foi injustiçado no último ano. Isto é da sociedade anónima e, estando de fora, vejo um trabalho menos bom dos acionistas. Seria fundamental aparecer alguém que negociasse com esta administração e tivesse mais conhecimentos sobre o futebol. Aqui é que está o grande fracasso”, analisou.

Considerando que os sócios “não tinham alternativa” em abril de 2015, quando aprovaram “à pressa” a constituição da SAD, o antigo dirigente máximo dos avenses, entre 1998 e 2001, compromete-se a “dar ideias” em prol da “continuidade do projeto” se clarificar “dossiês que são precisos e não aparecem”, sob pena de auditar as contas do clube.

“Isso não significa que esteja a dizer que as pessoas não são sérias, mas está tudo trancado. Fiz algumas perguntas e só obtive informação sobre o subsídio camarário, que é público e cifra-se nos 120 mil euros permitidos por lei. O que é que posso prometer se não sei qual é a totalidade mensal das responsabilidades do Aves?”, questionou.

Além de reforçar a aposta no futsal e voleibol feminino e criar as secções de voleibol masculino e atletismo, António Freitas pretende recuperar o projeto de construção do Futebol Campus e, mesmo que não triunfe nas eleições, investir “nunca menos de 50 mil euros” para adicionar 350 cadeiras e uma cobertura à bancada do complexo desportivo.

“Quero uma formação a caminhar para a excelência. Todos os elementos da atual estrutura devem pôr o seu lugar à disposição, o que não significa que vá fazer um saneamento. Até poderão continuar todos. O que tenho são as pessoas indicadas para montar um departamento de prospeção profissional, que é primordial no futebol”, frisou.

Com a candidatura “O Aves é Nosso”, o empresário procura a “mudança de paradigma” dos nortenhos, ao promover um “regime semipresidencialista”, com “jovens apaixonados pelo clube, talentosos e que não serão meros figurantes”, sem esperar “nada de novo” na “lista de continuidade” dirigida pelo atual vice-presidente da formação Joaquim Neves.

As eleições do Desportivo das Aves rumo ao biénio 2020-2022 realizam-se no sábado, entre as 10:00 e as 18:00, no pavilhão do CD Aves, onde se seguirá a tomada de posse de Joaquim Neves ou António Freitas para consumar a despedida de Armando Silva, que lidera os nortenhos desde 2010/11 e afastou uma recandidatura em 29 de maio.