Foi (mais) um dia negro para o futebol português aquele que se viveu (ironia das ironias) no Estádio Nacional, no Jamor. Um jogo onde houve um vencedor, o Benfica, mas onde o grande derrotado foi mesmo o futebol..

Depois de, na véspera, se ter ficado a saber do surto de COVID-19 que afetava prativamente todo o plantel do Belenenses SAD e de a realização da partida tem chegado a estar em dúvida, ao longo do dia percebeu-se que o jogo iria mesmo acabar por acontecer. Mas não devia ter acontecido, fosse de quem fosse a responsabilidade de o ter travado.

A verdade é que o encontro começou mesmo. Já com alguns sinais de que a coisa não ia correr bem, como o demonstrava o facto de a constituição das equipas iniciais ter tardado bem mais do que é hábito a ser anunciada. Foi-o a 30 minutos da hora marcada para o pontapé de saída e com apenas nove jogadores na ficha de jogo por parte do Belenenses SAD. Todos perceberam que, mais tarde ou mais cedo, iria acabar por acontecer o que aconteceu: os 'azuis' iriam 'deitar a toalha ao chão' e ficar com jogadores insuficientes para prosseguir a partida.

Sucedeu no início do segundo tempo, depois de, nos primeiros 45 minutos, o Benfica, frente a um adversário com menos dois elementos, ter feito o que lhe competia e marcado por sete vezes. Mas, tirando os adeptos das 'águias' que se deslocaram ao Jamor e que foram festejado os golos, talvez para enganar o muito frio que se fazia sentir, será que alguém queria (e merecia) assistir a isso? O Benfica somou três pontos mas, no fundo, perderam todos os que amam o futebol. E, com episódios destes, cada vez serão menos...

VEJA AS IMAGENS QUE RESUMEM O ENCONTRO

O Jogo: Um espetáculo degradante, com sete golos que nem quem os marcou quis festejar

Este Belenenses SAD-Benfica começou sexta-feira, quando veio a público a notícia de que os 'azuis' estavam a contas com o tal surto de COVID-19 que afetava grande parte do plantel. Mas, com o passar das horas - e com as declarações que foram surgindo - percebeu-se que o encontro iria mesmo realizar-se.

O anúncio dos 'onzes' iniciais tardou. Numa noite de muito frio, e com as bancadas do Jamor muito despidas de público, os jogadores do Benfica subiram, como normalmente, para o aquecimento, mas os do Belenenses SAD não surgiam. Pensou-se que talvez o bom-senso fosse imperar e a decisão de adiar o jogo - ainda que tardia - fosse mesmo ser tomada. Pura ilusão: o anúncio dos 'onzes' surgiu e, do lado do Belenenses SAD, entre infetados com COVID-19, lesionados e castigados, não eram onze mas sim nove os jogadores na ficha de jogo (sendo que dois costumam atuar como guarda-redes, pelo que um deles iria atuar como jogador de campo).

Todos perceberam que o que aconteceu no primeiro minuto da segunda parte iria acontecer, mais cedo ou mais tarde. Restava saber quando.

A partida lá começou. E, como diz a famosa 'Lei de Murphy', o que está mal pode sempre piorar. Foi o que aconteceu ao Belenenses SAD, que na primeira jogada do encontro se viu a perder fruto de um autologo. Estavam decorridos 25 segundos de jogo.

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A história dentro das quatro linhas - porque a história do jogo era a outra, que fomos contanto até aqui - foi-se escrevendo com naturalidade. Com um golo a seguir ao outro do Benfica, que como lhe cabia fo tirando partido da superioridade numérica. Seferovic - depois DAQUELE falhanço em Barcelona - marcou por duas vezes (e falhou outros dois lances em que surgiu isolado), Darwin Nuñez marcou por três vezes e Weigl assinou o golo mais bonito da noite (num excelente remate de fora da área), mas nem festejou. Ninguém tinha vontade de festejar, perante o espetáculo degradante a que se estava a assistir...

Até que chegou o intervalo, com 0-7 (!!!) no marcador, e o Belenenses SAD tardou a regressar para o segundo tempo. Quando o fez, só regressou com sete dos nove jogadores que tinham iniciado o jogo. Mal Manuel Mota apitou para o início do segundo tempo, João Monteiro atirou-se para o chão. O Belenenses SAD ficava com apenas seis jogadores para prosseguir o jogo - o que não é permitido - e , como mandam as regras, Manuel Mota apitou para o final da partida. Estava em definitivo escrito um episódio bem negro do nosso futebol.

O momento: Fim do suplício e de uma noite negra para o futebol português

Minuto 46: O segundo tempo começou para acabar no mesmo minuto. Logo após o pontapé de saída, João Monteiro deitou-se no relvado e disse a Manuel Mota que precisava de receber assistência. O Belenenses SAD ficava com apenas seis jogadores para seguir o encontro e o árbitro apita e não teve outro remédio que não dar a partida por terminada. Chegava ao fim um espetáculo muito triste (e que nunca devia ter começado) no Estádio Nacional.

Os melhores: Os 9 jogadores do Beleneneses SAD (e os 11 do Benfica) que estiveram em campo e fizeram o que lhes mandaram

Serão, certamente, os menos culpados no meio de tudo o que se passou. Não só os nove jogadores do Belenenses SAD que entraram em campo, mas também os onze que disputaram os primeiros 45 minutos pelo Benfica e que, cientes do que estava a acontecer, cumpriram a sua obrigação.

Os piores: (Todos) os responsáveis pelo futebol português

A culpa, certamente, andará de mão em mão sem que ninguém a assuma, mas a verdade é que nenhum responsável pelo futebol português sairá bem visto de tudo o que se passou. Alguém devia ter percebido o que se estava a passar e como tudo iria acabar, mas ninguém foi capaz de intervir e impedir que o jogo - perante o que se estava a passar - começasse. Ninguém o fez, e o futebol sofreu mais uma machadada.

As reações

- Rui Pedro Soares: "Termos jogado aqui hoje foi uma vergonha para todos nós menos para os 9 que se apresentaram em campo"

- Rui Costa: "Devemos estar todos envergonhados, mas em nenhuma circunstância a responsabilidade é do Benfica"

- Liga diz que "não houve nenhum pedido formal" do Belenenses SAD para adiar o jogo

- Joaquim Evangelista classifica de "inaceitável" o que se passou no Jamor

- As reações de FC Porto e Sporting ao Belenenses SAD-Benfica: "Vergonha" e "terceiro mundo"

O resumo (dos 46 minutos em que a bola rolou em campo, num jogo de 11 contra 9)

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