A derrota na Amoreira foi o culminar de um fim-de-semana agridoce para o Sporting. Começou mal com uma Assembleia-geral atribulada no sábado onde Bruno de Carvalho ´carregou` forte na oposição interna e ameaçou demitir-se, melhorou e muito com os espetaculares títulos de campeão europeu de corta-mato em feminino e masculinos, mas ´azedou` no início da noite de domingo, com a derrota na Amoreira. Uma derrota que custou a liderança e retirou ao ´leão` a invencibilidade que ostentava nas provas nacionais. O vento influenciou, mas não justificou tudo. Num jogo com muitos casos, o vídeo-árbitro foi chamado a intervir em três golos.

O jogo: Ganhou quem soube ´navegar` com o vento

Se sem Gelson o Sporting perde velocidade no seu jogo, sem Bas Dost perde velocidade e presença na área contrária. Jesus entrou na Amoreira com um meio-campo musculado, numa equipa assente em 4-3-3 para defrontar o antepenúltimo da Liga. Aí, o FC Porto tinha sofrido e terá de dar a volta ao jogo da 18.ª jornada que, para já, vai perdendo, quando faltam jogar os restantes 45 minutos.

Num retângulo de jogo mais curto e com pouco espaço, Jesus sabia que dificilmente iria desequilibrar pelas alas. Acuña aparecia muitas vezes a jogar por dentro, Bruno César nalgumas ocasiões, deixando as alas para Fábio Coentrão e Piccini, embora o italiano não tenha subido tanto no terreno. A ideia era ganhar vantagem com o jogo interior.

Além de se adaptar ao terreno de jogo, era preciso também uma melhor adaptação às condições climatéricas. E aí o Sporting falhou. O muito vento que se sentia na Amoreira foi bem aproveitado pela equipa da casa para criar perigo nos cantos. E foi a partir de um lance desses que fez o primeiro golo, pelo grego Kyriakou aos 27 minutos. E quando o vídeo-árbitro corrigiu a decisão do árbitro assistente, validando o golo de Ewandro que tinha sido anulado por suposto fora de jogo, Jesus sentiu que precisaria de um ´leão` nas suas grandes noites para reverter o resultado.

Mas não teve. A pressão de virar o resultado perante uma equipa que defendia bem foi, com o passar dos minutos do segundo tempo, pesando na cabeça dos jogadores. O Sporting, alicerçado num 3-3-4, carregou sobre a defensiva contrária, já com Rúben Ribeiro, Montero e Bryan Ruiz nos lugares de Fábio Coentrão, Battaglia e Bruno César. Criou algumas oportunidades, é certo, mas foi jogando sempre mais com o coração do que com a cabeça. E na hora de decidir, faltou discernimento.

Os homens de Ivo Vieira, a precisarem de pontos como de pão para a boca, ergueram uma ´muralha` à frente da sua baliza, defendendo como podiam o resultado. E quando os ´leões` conseguiram derrubar a defensiva, lá estava o guarda-redes Renan para resolver os problemas. O fator vento, que tinha sido decisivo no primeiro tempo para o Estoril, não teve o mesmo aproveitamento por parte do Sporting. Os ´leões` tiveram muitos cantos no segundo tempo, mas não conseguiram marcar, mesmo com ´torres` como Mathieu e Coates.

Ivo Vieira, que foi modificando a equipa à medida que o Sporting também mexia, tentou ´matar` o jogo com jogadores mais rápidos na frente, como Alano. E até podia ter marcado, não fosse Rui Patrício evitar novo tento dos ´canarinhos` em duas ocasiões.

Vitória importante do Estoril, o segundo consecutivo, que assim deixa a ´linha de água` e sobe ao 16.º posto, embora que à condição, com 18 pontos. Já o Sporting viu o seu reinado durar apenas uma jornada. A equipa de Jorge Jesus tinha assumido a liderança isolada na ronda anterior, após o empate do FC Porto em Moreira de Cónegos, mas agora cai para 3.º já que foi ultrapassado pelo Benfica, embora ambas as equipas tenham o mesmo número de pontos. ´Dragões` podem aumentar para cinco a vantagem sobre o segundo colocado, caso consigam dar a volta ao resultado frente ao Estoril nos 45 minutos que restam.

Momento-chave: Bruno César teve ´momento Bryan Ruiz`

Aos 39 minutos, Acuña centrou da esquerda e encontrou Bruno César completamente solto na pequena área. O médio foi encostar para golo, mas a bola passou-lhe por cima da bota e saiu. O 1-2 podia dar uma força diferente ao Sporting.

Polémicas: Vídeo-árbitro com muito trabalho

O árbitro Manuel Mota teve muito trabalho e teve de recorrer a ajuda do VAR para corrigir decisões importantes no encontro. O segundo golo do Estoril começou por ser anulado, mas acabou por ser confirmado graças a tecnologia que este ano entrou no futebol português. No segundo tempo, dois golos anulados, um para cada lado. Os tentos começaram por ser validados pelos juízes de campo mas, após ajuda do vídeo-árbitro na Cidade do Futebol, Manuel Mota corrigiu as decisões e anulou os tentos de André Claro do Estoril que daria o 3-0 e Freddy Montero (reduziria para 1-2 as 96) do Sporting, por fora-de-jogo. Houve ainda outros lances de quedas na área, mas foram todos bem decididos.

Os melhores: Lucas Evangelista e Kyriakou ´encheram` o campo

Além do golo que marcou, Kyriakou esteve quase insuperável no lado direito da defesa. ´Aguentou` com Coentrão e Acuña e não deixou que o Sporting desequilibrasse por aquele corredor.

O grego teve a ajuda de Lucas Evangelista, o melhor em campo. O médio brasileiro parece destinado a outros voos, tal é a qualidade. Quando a bola sai daquele pé esquerdo, parece que leva coordenadas, tal é a precisão. Todo o jogo ofensivo dos ´canarinhos` passava por ele.

Os piores: Doumbia não é Bas Dost mas tem de fazer mais

Chamado à titularidade na Liga pela primeira vez, Seydou Doumbia desiludiu. Raramente conseguiu ganhar na luta com os centrais contrários e pouco ou nada acrescentou ao jogo do Sporting. Muito trapalhão.

Reações: Nem tudo foi culpa do vento

Jorge Jesus: "Não era aqui que esperávamos perder"
Ivo Vieira: "Ambas as equipas jogaram 45 minutos a favor do vento, mas o Estoril foi quem tirou partido desse factor"
Bryan Ruiz culpa o vento, André Claro orgulhoso por ver Estoril aplicar a primeira derrota ao Sporting

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