O Boavista oficializou na segunda-feira a contratação de Musa Juwara. O extremo gambiano, de 18 anos, reforça os axadrezados por empréstimo do Bolonha, depois de ter feito oito jogos e um golo na anterior edição da Serie A, e tem uma história de vida que merece ser conhecida.

Superação é a palavra-chave do percurso deste jovem futebolista. Natural de Banjul, Juwara perdeu os pais em criança, foi criado pelo avô e chegou à Europa em junho de 2016, com apenas 14 anos, depois de se aventurar numa autêntica epopeia para fugir da ditadura na Gâmbia, passando pelo Senegal, Mali, Burkina Faso, Níger e Líbia. Neste país entregou tudo o que tinha e entrou num pequeno bote que só parou na Sicília, intercetado pela Marinha italiana.

Musa Juwara acabou num campo de refugiados em Basilicata, no sul de Itália. E foi durante um jogo de futebol na rua que o agora reforço do Boavista acabou por ser descoberto por um treinador do Virtus Avigliano, Vitantonio Summa. Vitantonio passou a ser treinador e tutor legal de Musa Juwara, antes de se tornar o seu pai adoptivo.

Com uma vida muito mais estável, Musa pôde enfim dedicar-se ao futebol e foi apenas uma questão de tempo até o jovem despertar a atenção de clubes noutros patamares, acabando por ingressar nos escalões jovens do Chievo. As boas exibições do extremo tornaram-se uma constante e Musa começou a sonhar com voos mais altos. Até que surgiu um novo percalço.

A Federação Italiana de Futebol colocou entraves à inscrição de Musa, em função de uma política que tenta prevenir a exploração de jovens migrantes por parte de clubes de futebol. A batalha legal foi ganha pelo jovem e pelos seus pais adotivos em novembro de 2017.

Na época seguinte, Juwara estreou-se pela equipa principal do Chievo na última jornada da Serie A, com o clube já condenado à descida de divisão. O jovem foi lançado aos 79 minutos do jogo (0-0) contra o Frosinone. Em 2019, o extremo deu novo passo no seu percurso em Itália, transferindo-se para o Bolonha, equipa pela qual cumpriu oito jogos e apontou um golo absolutamente memorável.

Musa Jawara festeja com Musa Barrow a vitória frente ao Inter
Musa Jawara festeja com Musa Barrow a vitória frente ao Inter créditos: Twitter

A equipa perdia no Estádio Giuseppe Meazza diante do Inter Milão (30.ª jornada), quando Sinisa Mihajlovic decidiu lançar a opção mais improvável. Musa Juwara saltou do banco aos 65' e, nove minutos volvidos, assinou o golo do empate (1-1) do Bolonha. Aos 80', o compatriota Musa Barrow completou a reviravolta dos visitantes, num jogo que deixou o Bolonha mais longe da zona de descida.

"Tem sido uma longa jornada até aqui. Saí da Gâmbia para Itália e agora para Portugal. Tem sido uma longa jornada na minha vida. Tenho trabalhado muito ao longo da minha vida, sacrifiquei-me para estar onde estou agora. Sofri muito para mudar a minha vida e ser jogador profissional. Desde miúdo, na Gâmbia, que este era o meu sonho", afirmou o jovem jogador ao site oficial do Boavista, momentos depois de ser anunciado como reforço.

Musa Juwara, que terá como companheiro nos axadrezados outro gambiano, Yusupha, promete dar o seu melhor na Liga portuguesa.

"Estou aqui para começar a treinar com a equipa. Não estou aqui só por estar. Estou aqui para cumprir uma missão. Estou aqui para aquilo que a equipa e o treinador quiserem. Estou aqui para dar aquilo que os meus companheiros e a equipa precisarem, para provar porque me contrataram. Não é fácil, porque se o clube te contrata, tens de mostrar quem és, trabalhar arduamente e cumprir com as expectativas das pessoas. Estou aqui para trabalhar muito", garante.

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