Os tatuadores estão a ter bastante trabalho em Buenos Aires, capital da Argentina, e as tradicionais cobras ou caveiras estão a ser trocadas pelo rosto do craque Lionel Messi ou pelo troféu do Mundial, prova conquistada pela seleção sul-americana no Qatar.

"As próximas duas semanas são todas de tatuagens relacionadas ao Mundial. Alguns tinham marcado para tatuar cobras ou caveiras mas trocaram por Messi ou pelo troféu do Mundial. Tenho duas ou três sessões por dia já agendadas", disse Esteban 'Tebi Cobra' Vucinovich à AFP.

Segundo este tatuador do bairro de Palermo, na capital, o troféu do Mundial é o que os clientes mais escolhem para tatuar, mas também Messi, as frases que o capitão albiceleste disse durante a prova, e também o guarda-redes Emiliano Martínez, herói nas defesas dos penáltis, principalmente na final contra a França.

Os tricampeões também fizeram tatuagens. É o caso de Angel Di María, que agora tem a imagem da taça que conquistou no Qatar na coxa direita.

"Na pele para a eternidade. Muito obrigado, amigo. Já o tinhas dito quando vencemos a Copa América, que a outra perna seria para este momento. Estava escrito. VAMOS ARGENTINA", escreveu Di María no Instagram, ao publicar uma fotografia que mostra o trabalho ao lado do tatuador.

Agradecimento, reconhecimento do esforço e a vontade de não esquecer são as justificações para quem decide se tatuar.

"Tatuei o Messi em sinal de gratidão. Representa não só o que o Messi é, mas o que é essa seleção nos deu", disse Nicolás Rechanik, funcionário público.

Na perna esquerda carregará para sempre um Messi com a camisola albiceleste que a seleção vestiu no Mundial do Qatar, beijando o troféu dourado.

"Carregar Messi na pele é carregar um dos dois maiores jogadores de futebol da história. O outro, Diego Maradona, eu também tatuei. É uma representação cabal do que é o futebol argentino e o que é a argentinidade para todos", explica.

Sem explicação lógica

Alma Ocampo, uma jovem de 20 anos que joga futebol desde pequena, prometeu fazer uma tatuagem depois de ter visto a seleção albiceleste perder inesperadamente para a Arábia Saudita na estreia no Mundial.

"Quando todo mundo estava a perder a fé eu disse que a Argentina ia ganhar. E se ganhasse eu tatuaria a taça. Fiz isso e com a data: 18/12/2022", conta.

Embora não tenha se arrependido da promessa, "doeu muito", admite.

"É a primeira vez na minha vida que vejo a Argentina campeã e acho que foi possível graças à união dos jogadores. Acho muito bonita a alegria que despertou no país. É o que mais mobiliza num país futebolístico", diz Alma.

Ariel Sacchi, professor de educação física, optou por tatuar uma carta de cinco de copas, pelas cinco Mundiais que Messi disputou, imitando os naipes espanhóis, mas com o capitão da seleção no centro a beijar a taça.

"Ele [Messi] deu a maior alegria aos argentinos. Acho que o mereceu depois de tantas tentativas. Finalmente conseguiu dar e é algo lindo", diz Sacchi.

Adepto do Barracas Central, Sacchi prometeu fazer uma tatuagem antes do Mundial. O que Messi causa nos argentinos, diz ele, "não tem explicação lógica".

Mas no meio do fervor, algumas tatuagens não correram muito bem. Um Messi de cara gorda, um Emiliano com o apelido errado, aparecem entre outras tatuagens mal-sucedidas reunidos num tópico do Twitter que se tornou viral.