Após o iraniano Alireza Faghani apitar o final do jogo no Estádio Spartak, em Moscovo, enfim os brasileiros puderam respirar, momentaneamente aliviados, a classificação para os oitavos de final. Sem convencer a opinião pública e a exigente ‘torcida’ nos dois primeiros jogos, no empate a uma bola frente à Suíça e na vitória nos descontos sobre Costa Rica, o jogo frente à Sérvia previa-se mais complicado do que realmente foi. Com mudanças de última hora pelo selecionador sérvio Mladen Krstajic, a principal delas a saída do experiente defesa ex-Chelsea, Branislav Ivanovic, a seleção dos Bálcãs pouco chegou à baliza brasileira na primeira parte, enquanto os comandados de Tite procuravam resolver logo a classificação, depositando as esperanças em mais uma boa exibição de Coutinho e talvez um brilho maior de Neymar neste Mundial.

Dos pés encantados de Coutinho saiu um precioso passe para o companheiro de Barcelona, Paulinho marcar o primeiro golo brasileiro, que com um subtil toque passou por cima do antigo guarda-redes do Sporting, Stojkovic. A Sérvia bem que tentou a igualdade, principalmente pelos pés e pela cabeça de Mitrovic, a principal e isolada figura do ataque sérvio, mas valeram as intervenções de Alisson e, num lance de sorte, uma bola desviada por Thiago Silva.

Matic, médio do Manchester United, e Milinkovic-Savic, da Lazio, duas das principais peças da equipa de Krstajic, pouco produziram para o ataque, e estiveram mais ocupados em deter os avanços de Neymar pelo flanco esquerdo e Willian pela direita. Com o empate entre Suíça e Costa Rica a confirmar-se, restava à Sérvia arriscar-se ao ataque, mas foi o Brasil a marcar o segundo golo, com Thiago Silva, o questionado central do PSG, após canto cobrado por Neymar.

O Brasil, ainda sem convencer neste Mundial, avançou para a próxima fase como primeiro colocado no grupo E, com os suíços a fazerem companhia nos oitavos. Sem grandes exibições de sua principal estrela, Neymar, a Seleção convive com a pressão diária de conquistar o sexto título, e que seu camisola 10 seja a grande vedeta deste Campeonato do Mundo. Por enquanto, Philippe Coutinho é quem está a ser decisivo para os canarinhos, com golos, passes precisos e exibições convincentes.

Esta primeira fase do Mundial da Rússia já fez sua grande vítima, a atual campeã em título Alemanha, que naufragou no que se esperava ser uma tranquila jornada rumo aos oitavos. Ver a seleção germânica desnorteada e a perder para uma eliminada Coreia do Sul foi estranho. Como brasileiro, gostaria de um confronto de gigantes nos oitavos, um Brasil x Alemanha, para que o trauma de 2014 (a derrota por 1-7) pudesse, de alguma forma, ser superado.

No caminho do Brasil agora segue-se o México, que nos últimos seis Mundiais foi eliminado nesta fase da competição. O ‘escrete’ é mais uma vez favorito à vitória, mas precisa demonstrar um jogo mais vistoso do que o exibido nesta primeira fase. A pressão vai sempre existir sobre a seleção brasileira e aquele que é hoje seu principal astro. Espera-se que Neymar desentante seu futebol nos relvados russos. Assim esperam também os mais 200 milhões de brasileiros.

* Yuri Bobeck é jornalista, com passagens por rádio UEL FM, jornal Lance!, TV Cultura e TV Globo. Escreve para o SAPO neste Mundial’2018.