Burocracias na alfândega, licenças especiais para conduzir, comidas estranhas e os custos (elevados) das comunicações. Quem viaja até à Rússia para apoiar a Seleção Portuguesa em um jogo, ou mais, tem alguns desafios pela frente e ‘puzzles’ a enfrentar. E a língua não é o menor problema.

Os números de adeptos portugueses que por estes dias vão estar num dos jogos de Portugal, e ou de outras equipas do Mundial, não estão estimados de forma completa mas as estimativas da PSP, quando preparou a operação que traz equipas de segurança à Rússia, apontavam para 1.200 a 1.500 adeptos. Isto logo no jogo em Sochi, onde Portugal defronta a Espanha, sem contar com os restantes da fase de grupos.

Mas é muito possível que os números estejam calculados ‘por baixo’ já que há muitos portugueses a viajar para Sochi, grande parte em voos fretados e muitos deles partindo de Madrid, aproveitando a ´movida´ dos vizinhos espanhóis que também vão apoiar a sua Seleção.

Os preparativos já estão feitos, incluindo a compra dos bilhetes e a emissão do FanID – que para muitos foi um desafio pelas peculiaridades na aceitação das fotografias e que é essencial para entrar na Rússia sem visto, o que acontece excecionalmente durante o Mundial.

Mas esta exceção não abrange todas as burocracias habituais do país, e o nosso enviado especial à Rússia, João Agre, já foi vítima de muitas delas, com a demora das revistas de segurança para entrar no centro de estágios da Seleção, em Kratovo, onde é preciso ligar os computadores para provar que não são bombas, e onde as malas são vigiadas por seguranças e por cães especializados na deteção de explosivos.

Logo na entrada na Rússia é necessário apresentar o passaporte válido, o FanID da FIFA e o bilhete para o jogo, sendo exigido o preenchimento de um cartão de emigração que deve acompanhar sempre a pessoa durante a viagem e que tem de ser devolvido à saída da Rússia.

Contas aos rublos

A moeda é um desafio adicional. Estamos demasiado habituados ao Euro com a União Europeia, e é preciso algum tempo para nos familiarizarmos com os rublos, os vários tipos de notas e moedas. Em relação ao câmbio, a maioria das agências avisa que não vale a pena levar já dinheiro russo de Portugal. No aeroporto ou nos hotéis há locais para fazer a troca de euros por rublos, e são mais seguros do que agências de rua onde normalmente o valor de câmbio não é tão favorável. Há ainda uma rede de caixas automáticas que aceitam os cartões Visa para levantamentos, mas conte com taxas aplicadas pelos bancos nestes casos. E não se esqueça da taxa: 1 euro é igual a 73,79 rublos.

E qual é o custo dos bens essenciais na Rússia? Alguns dos consumos mais comuns em Portugal podem sair caros, como o café. Conte com 120 a 250 rublos, entre 1,60 e mais de 2 euros. Já uma garrafa de água pode custar 30 a 100 rublos, entre 30 cêntimos a 1,35 euros, e uma cerveja ficará entre 150 a 300 rublos, mais de 4 euros. Pelo contrário as viagens de metro são baratas e são uma excelente alternativa ao trânsito, sobretudo em Moscovo. Um bilhete custa 45 rublos, cerca de 60 cêntimos.

Quanto à comida, há uma série de pratos a experimentar, desde o Borsch ao Golubtsi, passando naturalmente pela salada Russa. Este artigo do SAPO Viagens  dá algumas dicas para quem quer fazer também uma viagem gastronómica pelos sabores da Rússia, tendo a noção de que este é um país de muitos sabores e uma grande variedade cultural.

Partilhar as emoções do jogo pode sair caro

Um custo que muitos podem não ter levado em linha de conta é o das comunicações. Nos últimos meses o fim do roaming na Europa criou muitos maus hábitos, no bom sentido. Mas a Rússia não é a Europa e por isso há que ter alguma contenção na utilização de dados e nas comunicações de voz.

Fazer uma chamada pode custar 2,45 euros por minuto e receber também fica caro: cerca de 1 euro. Só os SMS recebidos é que são grátis. Se enviar um SMS terá de pagar cerca de 80 cêntimos e no caso dos MMS o preço pode chegar quase aos 2 euros.

Não se esqueça também de desligar os dados. 100 kb custam quase um euro, por isso é melhor evitar partilhar imagens nas redes sociais. Já para não falar dos populares Lives ou Stories com vídeo.

Não fazer contas ao custo das chamadas, SMS e MMS, mas principalmente aos dados de Internet pode tornar-se ruinoso e trazer algumas dores de cabeça, mesmo se Portugal alcançar a desejada vitória contra a Espanha amanhã. Por isso o SAPO TEK fez uma ronda entre os principais operadores portugueses para perceber as opções disponíveis.

A Vodafone e a NOS não têm ofertas específicas para acompanhar o Mundial na Rússia, mas a  MEO confirmou esta semana que fez alterações nos seus tarifários para quem viaja para o país. Nos pacotes empresariais há a opção do pacote MUNDO, que abrange 25 destinos incluindo a Rússia, com valores mensais de cerca de 35 euros por mês para 150 minutos de voz, ou 40 euros para 500 MB de dados.  Na Campanha Mundial Rússia 2018 a operadora oferece o dobro do plafond de Dados (1 GB) pelo mesmo preço do Pacote Mundo de 500 MB.

Outra opção é o pacote diário Mundo, que agora também abrange a Rússia e que está disponível para as ofertas unlimited e MEO com Telemóvel (MxO) por um custo de 6,99 euros que abrange 20 minutos de chamadas por dia mais 100 MB de dados.

Os clientes da Vodafone podem optar também por uma tarifa diária, no plano Global Daily Roaming, que custa 7,5 euros para clientes de pacotes pós pagos e 9,9 para clientes pré-pagos. Este pacote inclui  50 minutos, 50 SMS e 50 MB de dados, mas se não ativar este aditivo terá de pagar as tarifas standard.

Isso é o que terão de fazer os clientes da NOS, que não tem pacotes diários e cobra 2,037 euros por chamada e videochamada realizada, 0,816 euros por minuto em chamadas recebidas e 0,641 em SMS enviados. Na internet o custo é de 6,014 euros por MB.

Vale a pena avaliar a opção de comprar um cartão de dados local e usar serviços de VoIP ou messaging para as comunicações, até porque o Wi-Fi é muitas vezes mau e mal distribuído.

Rоворить на английском?

Um dos desafios que se pode tornar interessante é o da língua. A grande maioria dos russos não fala inglês, e apesar dos entusiastas aprendizes de português que encontrámos em Moscovo, só com muita sorte vai conseguir encontrar um deles. O melhor é aprender algumas coisas, como Rоворить на английском? (Fala inglês?), e recorrer à tecnologia do Google Tradutor ou do Microsoft Translate. Descarregue a língua antes de partir, numa rede Wi-Fi e depois é usar e abusar para traduzir sinais e menus a partir de imagens, texto ou mesmo voz.

Para se orientar, descarregue também os mapas da zona para onde vai viajar, evitando assim o recurso aos dados ou ao Wi-Fi.

No fim é só relaxar e aproveitar. A decisão mais difícil poderá ser se vai levar o equipamento tradicional vermelho da seleção ou o novo em branco, e de que forma vai celebrar a esperada vitória face à Espanha.

*Publicado originalmente no dia 14 de junho