O Sindicato dos Jogadores de Futebol de Moçambique (SJFM) denunciou hoje tentativas de “muitos clubes” moçambicanos de se aproveitarem da pandemia da covid-19, para obrigarem os jogadores a rescindir contratos de trabalho.

“Muitos clubes da primeira e segunda divisão estão a pressionar os jogadores a rescindirem contratos com o argumento de que não têm capacidade financeira por causa da pandemia”, disse à Lusa o presidente do SJFM, o ex-jogador Tony Gravata.

Tony Gravata classificou a situação como “má fé”, porque algumas das equipas devem vários meses de salários aos jogadores e encontravam-se em incumprimento contratual antes da eclosão da covid-19.

“Podemos pensar que estas rescisões vão tornar impossível aos jogadores receberem os meses de salários em atraso, uma vez cessada a relação contratual com os clubes”, assinalou.

O presidente do SJFM avançou que esta entidade, com a Liga Moçambicana de Futebol (LMF) e a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) criaram uma equipa de trabalho para estudarem soluções com o Ministério do Trabalho, em caso de uma suspensão prolongada ou cancelamento de provas de futebol.

“A equipa de trabalho vai analisar todos os cenários em função do desenvolvimento da covid-19 em Moçambique”, declarou Tony Gravata.

Por isso, Gravata considerou precipitada a rescisão de contratos por causa do coronavírus, assinalando que a suspensão da atividade desportiva no país ainda não dura há tempo suficiente para justificar a cessação de vínculos.

“Para nós é imprudente que se fale em cessação de contratos, porque ainda nada está claro em relação à duração da suspensão das provas”, defendeu o presidente do SJFM.

O campeonato moçambicano de futebol de 2020 devia ter arrancado no sábado, mas foi adiado devido à covid-19.

Moçambique encontra-se em estado de emergência durante o mês de abril por causa da pandemia de covid-19 e todas as provas desportivas estão suspensas.

O país registou oficialmente dez casos positivos de infeção, tendo um recuperado.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 80 mil e cerca de 260 mil são consideradas curadas.