Bruno Rodriguez jogou pela última vez na época 2004/05 ao serviço do Clermont Foot, onde fez apenas um jogo. O avançado francês passou por clubes como PSG, Lens, Ajaccio, Guingamp, Metz, Estrasburgo, Bastia e Mónaco, mas a sua carreira ficou marcada por sucessivas lesões. As dores eram tantas que pediu para que lhe amputassem uma perna.

Numa entrevista ao jornal 'L´Equipa', Bruno Rodriguez contou o calvário que viveu por causa das muitas lesões e como isso afeta a sua vida atualmente. O antigo avançado conta que chegou a ser operado 12 vezes ao tornozelo direito.

"Foram muitas infiltrações ao longo da carreira, muitas entorses e fomos tentando aguentar, controlar o que era possível. Mas agora já tinha muitas dores, não aguentava mais. […] Na penúltima operação retiraram-me o maléolo, e isso causou um tumor. Há cerca de um mês e meio tive uma última reunião com os médicos e pedi que me cortassem [a perna]. Pelo menos poderei voltar a andar normalmente com uma prótese", contou o jogador.

Aos 49 anos, Bruno Rodriguez quer que os jogadores tenham consciência das decisões que tomam sobre o seu corpo. Porque não tem de jogar a qualquer custo.

"Tinha muitas vezes o tornozelo torcido. Sempre quis jogar, tanto os jogos grandes como os pequenos. A cortisona que me injetaram corrói a cartilagem, e se não há mais cartilagem… nós, como jogadores, não estamos cientes das consequências […] Não culpo ninguém por isto. Praticamente todos os jogadores ficaram com as consequências da carreira. Todos temos algum problema: no tornozelo, no joelho, no quadril… que o meu exemplo sirva para o mundo do desporto", alertou.

O francês contou com a ajuda da família para superar o trauma das lesões e o facto de ter cortado uma perna.

"Não tinha autonomia. A minha mulher precisava de me dar banho. Se tivesse que ficar como estava antes, não ia durar muito. Alivia-me poder seguir em frente, preparei-me psicologicamente com ela para isto. Aos meus filhos custou um pouco mais. Às vezes podes pensar: 'O que eu era e o que me tornei…', mas entre a dor de uma perna fantasma e o facto de poder voltar a andar no futuro, vou arriscar. Ou desistes, ou segues em frente. E eu sigo em frente", concluiu.