José Mourinho recordou, em entrevista à publicação "The Coaches' Voice", alguns dos pormenores que permitiram ao FC Porto dominar o panorama futebolístico europeu no início do século XXI.

Em declarações à referida publicação, o treinador português falou sobre a sua trajectória enquanto técnico e recordou a importância e a vantagem de conhecer o mercado de jogadores na perspectiva de um técnico do União de Leiria para depois aplicar essa mesma informação na construção de uma equipa vencedora no FC Porto que culminou com a conquista de uma Taça UEFA e de uma Liga dos Campeões.

"Como antes estava a trabalhar no [União de] Leiria, que não tinha potencial financeiro para pensar grande, comprar grande e observar jogadores em lugares de futebol de topo, estava verdadeiramente ciente de muitos jovens talentos nas equipas menores. Não estávamos com medo de mudar completamente a direção do FC Porto, obtendo os melhores jogadores jovens nos clubes mais pequenos em Portugal. Não comprámos um único jogador por milhões, ou de um clube de topo. Todos eram jovens, estavam com fome, motivação e desejo", começou por dizer José Mourinho.

"[Na final da Taça UEFA] Estávamos a ganhar 1-0, eles empataram, depois fizemos o 2-1, eles empatam novamente e aí o prolongamento é que é difícil. Mesmo para nós, do lado de fora, é difícil, porque uma final é, na maioria das carreiras, especialmente em Portugal, algo de agora ou nunca. Achas que é uma ocasião única, estávamos longe de imaginar que, 12 meses depois, estaríamos a jogar uma final da Liga dos Campeões. Olhámos para aquele jogo [final da Taça UEFA] como o jogo das nossas vidas, das nossas carreiras. (...) Muitos anos depois, digo o mesmo: às vezes, o melhor investimento que podes fazer é manter os melhores jogadores. No FC Porto, nessa época, toda a gente ficou. Deco, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Nuno Valente, Maniche, todos ficaram para o ano seguinte. Foi apenas uma questão de repensar a equipa para o salto para a Liga dos Campeões, porque sabíamos que íamos jogar contra as melhores equipas", acrescentou Mourinho, que estabeleceu a comparação entre os adversários das duas provas", acrescentou José Mourinho sobre a importância de manter o núcleo duro da equipa para depois vencer a Liga dos Campeões.

"A grande diferença é que na Taça UEFA considerávamos que éramos uma das melhores equipas. Na Liga dos Campeões não éramos. Enquanto que na Champions apanhámos logo o Real Madrid na fase de grupos e depois o Manchester United, na Taça UEFA apanhámos uma equipa da Polónia, outra turca e depois a Lázio e o Celtic. Mas a Champions é a Champions. Sabíamos que não éramos os melhores. Tínhamos de pensar o nosso jogo. Muitas pessoas pensam que o talento é a única forma de vencer jogos, mas também há o lado estratégico. Às vezes é preciso isso", sentenciou o treinador português.