A Liga dos Campeões regressa para a conclusão da edição 2019/20 com jogos 'à porta fechada', sem público nas bancadas, e com uma 'final eight', a partir dos quartos de final, jogada em Lisboa, entre os Estádios de Alvalade e da Luz. Já não haverá equipas portuguesas em prova, mas já houve, no passado, uma equipa portuguesa que teve a experiência de disputar uma partida da prova milionária num recinto deserto.

As circunstâncias eram bem diferentes e as razões do encontro à porta fechada eram bem distintas de uma qualquer pandemia, mas em 2005/06, na fase de grupos da Liga dos Campeões, o FC Porto defrontou o Inter de Milão num Giuseppe Meazza vazio de público, fruto de um castigo aplicado pela UEFA aos 'nerazurri' depois de incidentes num encontro frente ao rival AC Milan, nos quartos-de-final da edição anterior da prova.

O FC Porto era, então, orientado pelo holandês Co Adriaanse e, frente a um Inter treinado por Roberto Mancini, onde pontificavam nomes como Luís Figo, Recoba, Veron ou o brasileiro Adriano, entrou em campo com Vítor Baía, José Bosingwa, Pedro Emanuel, Pepe, Marek Čech, Paulo Assunção, Lucho González, Jorginho, Ricardo Quaresma, Alan e Hugo Almeida.

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E foi precisamente o então ainda bem jovem avançado internacional português a ficar ligado à história desse jogo, com um golo memorável, que durante muito tempo terá ficado na retina de todos os que a ele assistiram...pela televisão.

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Na transformação de um livre, de muito longe, Hugo Almeida resolveu tentar a sua sorte. Encheu o pé esquerdo e disparou um autêntico míssil. A bola entrou junto ao canto superior direito da baliza à guarda de Júlio César (que anos mais tarde viria a defender as redes do Benfica). Com o estádio deserto, para quem assistia à transmissão televisiva foi possível ouvir, na perfeição, o som de Hugo Almeida a bater na bola no momento do remate e o som desta, instantes depois, a 'beijar' as redes.

O SAPO Desporto esteve à conversa com Hugo Almeida, agora já retirado dos relvados, que recordou esse encontro, o golo e que falou um pouco de como é jogar à porta fechada.

"Era dos primeiros jogos que estava a fazer pelo Porto, ainda por cima por o Inter, que na altura era uma das melhores equipas do mundo, e não era preciso qualquer outro tipo de motivação, porque os níveis de foco estavam ao mais alto nível. Queria era jogar bem, para me poder mostrar numa montra como a Liga dos Campeões", recordou Hugo Almeida", admitindo que, por isso, "não fez muita diferença ter ou deixar de ter adeptos".

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Sobre o golo, que certamente permanecerá para sempre na memória de quem o viu, Hugo Almeida conta que se sentia confiante. "Era das primeiras oportunidades que tinha de jogar pelo FC Porto num jogo daqueles, e logo naquele estádio…estava motivado e senti-me confiante. Percebi que tinha pegado bem na bola...com o estádio vazio, até deu para ouvir a a entrar. Foi um sentimento de alegria muito grande", recorda.

Ao longo da carreira, na Turquia e na Grécia, Hugo Almeida voltou depois a viver a experiência de jogos sem adeptos nos estádios. "É lógico que, tirando esses outros aspetos motivacionais, é complicado jogar sem adeptos nos estádios. Aos jogadores cabe terem os níveis de concentração extremamente elevados, para evitar os deslizes que temos visto. Porque sem adeptos não é fácil manter esses níveis de concentração no máximo e isso faz a diferença", frisa.

O fator psicológico nos jogos disputados sem público é, pois, um aspeto fundamental, na opinião de Hugo Almeida. "O fator psicológico e a concentração são fatores determinantes. São armas importantes e, nalguns jogadores, sem ruído à volta, o foco não será necessariamente o mesmo", acrescenta.

FC Porto acabou derrotado em época para esquecer na Champions, mas para recordar a nível interno

Quanto ao jogo no Giuseppe Meazza, o FC Porto acabou derrotado, por 2-1. Ao golo de Hugo Almeida, apontado logo aos 14 minutos, o Inter respondeu com dois golos na segunda parte, assinados pelo avançado argentino Julio Cruz, o primeiro na transformação de uma grande penalidade e o segundo a oito minutos dos 90. Os 'dragões' teriam uma campanha para esquecer nessa Liga dos Campeões, ficando pelo caminho ainda nessa fase de grupos, ao terminar o respetivo grupo no quarto posto, atrás de Inter, Glasgow Rangers e Artmedia Bratislava.

A nível interno a época seria mais proveitosa para os 'azuis e brancos', que acabariam por se sagrar campeões, sete pontos à frente do Sporting, segundo classificado, e 12 à frente do Benfica, terceiro da tabela. Quanto a Hugo Almeida, então com apenas 22 anos, terminaria a temporada com cinco golos marcados em 38 jogos e rumaria no final da época ao Werder Bremen, onde viria a brilhar a grande altura.

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