"Monstruoso". "Lendário". "Marciano". A imprensa europeia curvou-se nesta quarta-feira diante de Cristiano Ronaldo, autor de três golos contra o Atlético de Madrid que deram à Juventus a qualificação para os quartos de final da Liga dos Campeões.

"A Juventus contratou-me para isso, para ajudar", resumiu o português após a partida. E que ajuda: dois golos de cabeça e um de penálti para virar o marcador do jogo da primeira-mão, uma derrota por 2-0 em Madrid, eliminando o Atlético de Diego Simeone, conhecido mundialmente por armar defesas impenetráveis.

De facto, foi para isso que a Juventus contratou o português. O clube de Turim não desembolsou 100 milhões de euros ao Real Madrid e mais 30 milhões em salário anual a Cristiano Ronaldo para vê-lo marcar 20 golos no campeonato italiano contra Sassuolo ou Empoli.

Antes do duelo de terça-feira, Ronaldo só tinha marcado um golo na Champions nesta temporada, e passar em branco novamente teria sido um desastre pessoal para o avançado.

Mas, aos 34 anos, o tempo parece não ter controlo sobre ele, nada o afeta, nem a abertura de uma investigação por suposta violação nos Estados Unidos em 2009, uma acusação que nega veementemente.

Com cinco títulos de Champions no currículo, CR7 não foi para a Juventus para ser eliminado nos oitavos de final, algo que não acontece em equipas que defende desde 2009, primeira temporada no Real Madrid. E com o 'hat trick' de terça-feira, o seu oitavo na carreira na competição continental, tudo parece ter voltado ao normal.

Ronaldo soma agora 124 golos em 160 jogos na principal competição de clubes do mundo, mais 16 golos que Lionel Messi e... mais seis do que o Atlético Madrid já marcou em toda sua história na Champions.

'O Nº1'

"Ele ganhou cinco Ligas dos Campeões e pode ganhar outras. Ele mostrou nesta noite que é o número 1", elogiou o colega de Juventus Blaise Matuidi após a partida.

Além da atuação de gala, o português também devolveu um sentido à temporada da Juventus, virtual campeã italiana e que não se contenta mais com os troféus domésticos.

Em busca de um título de Champions que vem escapando desde 1996, com direito a cinco derrotas em finais da competição desde então, a Juventus vê-se mais convencida de que fez a escolha certa ao trazer Ronaldo.

Na Champions, Ronaldo está em casa e sua presença é uma garantia. O Real Madrid, eliminado pelo Ajax, sentiu na pele o peso da sua ausência e os possíveis adversários da 'Juve' já estão em alerta.

"A Juventus disputou duas finais e perdeu. Então foram buscar Cristiano. Ele tem toda a pressão nos ombros e marca três golos contra o Atlético. Esse é o tipo de jogador e de equipa que podemos enfrentar na próxima fase", declarou Pep Guardiola após a qualificação do Manchester City, na terça-feira.

Com Portugal

No plano económico, os três golos de terça-feira também são um retorno sobre o investimento feito. Ronaldo custa caro. A sua transferência e seus salários pesam no orçamento, que ficará no vermelho em 2019 após um défice de 19 milhões de euros em 2018.

Marketing, bilheteira, patrocinadores: por outro lado, a chegada da estrela portuguesa contribuiu para o aumento das receitas do clube de Turim. Mas CR7 chegou há apenas oito meses, a máquina de faturar ainda não está a funcionar a pleno vapor e, por enquanto, o atacante custa mais caro do que o retorno dado ao clube.

Com esta qualificação, o clube italiano fez um belo negócio: segundo estimativas da imprensa italiana, a campanha europeia da 'Juve' vai valer 105 milhões de euros, contra 90 milhões na temporada passada. E na bolsa de Milão as ações da Juventus abriram em alta de 23% nesta quarta.

Cristiano Ronaldo tem sempre fome de vitórias. Depois de deixar de lado a seleção de Portugal no início da temporada, o craque luso deixou entender que já prepara um regresso à equipa das quinas.

"Nos próximos jogos espero dar o meu contributo à seleção, porque também sinto falta. É a minha casa", declarou Ronaldo.

É que depois da Liga dos Campeões há uma Liga das Nações a ganhar. E Cristiano Ronaldo quer tudo.