À terceira, será de vez? Portugal volta a enfrentar um adversário de peso num duelo decisivo que lhe pode colocar na 'final-four' da Liga das Nações. O duelo com a Espanha esta terça-feira em Braga às 19h45 é já um clássico do futebol europeu, embora seja apenas o 11.º a nível oficial entre as duas seleções da Península Ibérica.

A Portugal basta um empate para terminar no comando do Grupo A2 e seguir em frente, mas manda a prudência que se jogue para ganhar, dê por onde der. É que os últimos dois jogos que Portugal disputou em casa para carimbar algo, acabou por perder: em novembro de 2020, precisava de vencer a França na Luz à 5.ª jornada da Liga das Nações para selar o primeiro lugar do seu grupo e assim apurar-se para a 'final-four', mas perdeu com um golo de Kanté; e mais recentemente, na mesma Luz, a derrota por 2-1 diante da Sérvia que atirou os lusos para o 'play-off' de apuramento para o Mundial 2022 (viriam a apurar-se com vitórias ante Turquia e Macedónia do Norte), num encontro onde bastaria um empate terminar em primeiro.

Com todos os jogadores disponíveis, Fernando Santos pode apenas 'queixar-se' do 'problema' de excesso de soluções, exceção feita a nível de centrais. Para a baliza, e tendo em conta a rotação promovida desde a primeira jornada, será a vez de Rui Patrício, que jogou no segundo jogo, no quarto e poderá alinhar no sexto. Diogo Costa foi titular no primeiro, terceiro e quinto.

Quanto à defesa, o quarteto de Praga esteve impecável, com Rúben Dias e Danilo Pereira imperiais ao centro, mas é bem provável que João Cancelo (cumpriu castigo no último jogo) e Nuno Mendes (descansou), as primeiras escolhas do selecionador luso ocupem os postos de Diogo Dalot e Mário Rui, apesar das excelentes exibições dos dois em Praga: o lateral do Manchester United a marcar dois golos e a estar no quarto, o lateral do Nápoles a fazer uma assistência.

Quanto ao meio-campo, Rúben Neves, William Carvalho e Bruno Fernandes cumpriram em Praga, mas as alternativas são muito boas como, por exemplo, Vitinha, que tem sido titular neste início de época no Paris Saint-Germain, ou João Palhinha, titular no Fulham.

No ataque, Bernardo Silva não é questionável, Rafael Leão poderá ser sacrificado, ao contrário de Cristiano Ronaldo, que mesmo tendo acrescentado um novo capítulo ‘horribilis’ ao seu início de época, deverá manter-se na equipa já que Fernando Santos já admitiu que não abdica do capitão.

Momento de forma: Portugal moralizado, Espanha ferida

Portugal chega a este duelo com os vizinhos espanhóis motivado, após a goleada por 4-0 à República Checa em Praga e poderá aproveitar-se de uma Espanha menos confiante, depois da La Roja perder em casa diante da Suíça e perder a liderança do Grupo.

Espanha surpreendida em casa pela Suíça e entrega liderança do grupo a Portugal

A formação das ‘quinas’ chega, assim, líder, em alta e moralizada para, três anos depois de conquistar a primeira edição da prova no Dragão, voltar a marcar presença na 'final four' da mais jovem prova da UEFA, até porque o histórico recente com a Espanha só ostenta empates. E Portugal só precisa de um.

Do lado espanhol, Alvaro Morata deverá voltar a titularidade, ele que não jogou diante dos suíços no último sábado. Há muitas dúvidas se Luis Enrique irá mexer muito na equipa que perdeu com a Suíça ou se vai dar mais uma oportunidade aos jogadores de redimir-se e ganharem o passaporte para a próxima fase.

A equipa de Luis Enrique chega a este encontro decisivo envolta em dúvidas, depois de um desaire que não esperava, na receção à Suíça, num embate em que Luis Enrique apostou em vários jogadores que não têm sido titulares nos seus clubes, como Asensio e Jordi Alba, que até construíram o golo, Ferran Torres ou Sarabia.

No jogo em Espanha, disputado a 02 de junho, em Sevilha, na primeira ronda do agrupamento, a Espanha saiu na frente, com um tento de Álvaro Morata, mas, na segunda parte, o ‘onze’ de Fernando Santos chegou à igualdade, com um tento do regressado – oito anos depois - Ricardo Horta.

Há dez anos que Portugal não perde com a Espanha mas no histórico manda 'Nuestros Hermanos'

A seleção portuguesa de futebol está invicta face à Espanha há mais de uma década e os últimos quatro encontros acabaram empatados, mas a desvantagem luso, no total de todos os duelos, ainda é ‘imensa’. A superioridade assenta, sobretudo, nos jogos disputados em solo espanhol (11 triunfos, contra um), sendo que, em matéria de jogos oficiais, também só há registo de uma vitória de Portugal contra quatro da Espanha, mais cinco empates.

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Em 42 encontros, entre oficiais (10) e particulares (32), a ‘roja’ lidera claramente, com 17 vitórias – mas outros tantos empates -, contra apenas oito lusas, duas nem reconhecidas pela FIFA, devido à Guerra Civil espanhola, e mais 31 golos marcados (79 contra 48).

O encontro deste sábado, o 43.º entre as duas seleções, é, porém, em solo luso, onde Portugal lidera o histórico, com mais uma vitória (seis contra cinco), em 19 jogos, não incluindo nestes contas o 1-0 em ‘campo neutro’ (Alvalade) no Euro2004. A formação das ‘quinas’ tem vantagem em casa e está também, estatisticamente, invicta desde o desaire por 1-0, selado por um golo de David Villa, nos oitavos de final do Mundial de 2010, precisamente a edição que a Espanha arrebatou.

Na ‘ressaca’ desse encontro, meses volvidos, Portugal goleou na Luz por 4-0, com um ‘bis’ de Hélder Postiga e tentos de Carlos Martins e Hugo Almeida, seguindo-se cinco igualdades, ainda que a primeira tenha redundado numa derrota lusa nos penáltis. Em 2012, nas meias-finais do Europeu, num embate disputado em Donetsk, os 120 minutos chegaram sem golos, ficando para a estatística uma igualdade, mas quem seguiu para a final foi a Espanha, ao impor-se por 4-2 na ‘lotaria’.

Os quatro últimos encontros não tiveram tempo extra ou penáltis e acabam mesmo empatados, o primeiro dos quais na estreia das duas formações no Mundial de 2018, em Sochi, na Rússia, marcado por um ‘hat-trick’ de Cristiano Ronaldo no 3-3 final.

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Em contraste com este ‘jogão’, os dois confrontos que se seguiram acabaram como começaram, com empates a zero, o primeiro em Alvalade, em 07 de outubro de 2020, e o segundo no Wanda Metropolitano, em Madrid, em 04 de junho de 2021. O derradeiro jogo entre as duas seleções aconteceu em 02 de junho de 2022 e acabou empatado a um, na primeira jornada do Grupo A2 da edição 2022/23 da Liga das Nações.

Em matéria de jogos em casa com os espanhóis, e antes do 4-0 de Alvalade, em 2010, Portugal venceu por 1-0 em 1938, 4-1 em 1947, 3-1 em 1956, 2-1 em 1964 e 2-0 em 1981, sempre em particulares. Há ainda a registar o triunfo, por 1-0, conseguido também na casa do Sporting, na terceira e última jornada da fase de grupos do Europeu de 2004, que é considerado, estatisticamente, como sendo disputado em campo neutro. Em 20 de junho, num embate decisivo, a formação comandada por Luiz Felipe Scolari levou a melhor, seguindo para os quartos de final, graças a um golo do suplente Nuno Gomes, que, aos 57 minutos, bateu Casillas com um remate de fora da área.

O que dizem os treinadores

Fernando Santos, selecionador de Portugal: "A Espanha é uma seleção que joga sempre para ganhar, o padrão de jogo é o mesmo, com variantes tendo em conta os jogadores… mas a filosofia e conceitos a atacar e a defender, as transições, é tudo sempre igual."

Luis Enrique, selecionador de Espanha: "Portugal é uma seleção muito talentosa, com individualidades e poder físico. Conquistou coisas importantes, nomeadamente o Europeu [de 2016]. E, das suas categorias inferiores, saem sempre bons jogadores, como acontece em Espanha."

Árbitro de má memória para Portugal dirige o encontro

O árbitro italiano Daniele Orsato, experiente juiz transalpino, foi o escolhido pela UEFA para dirigir este encontro entre as equipas mais bem posicionadas para discutir o primeiro lugar no Grupo A2. Orsato volta a encontrar Portugal depois de ter estado no Estádio da Luz em 14 de novembro de 2021 na derrota da equipa das 'quinas' ante a Sérvia (2-1), no apuramento para o Mundial2002 do Qatar, que os lusos conseguiram apurar-se posteriormente no ‘play-off’.

O árbitro italiano também já ajuizou encontros da Espanha, nomeadamente o 1-1 com a Alemanha em 2020 para a Liga das Nações, o mesmo resultado registado em 2021 ante a Polónia, no campeonato da Europa.

Daniele Orsato, que é internacional desde 2010, vai ser auxiliado pelos compatriotas Cirro Carbone e Alessandro Giallatini, enquanto Daniele Doveri será o quarto árbitro. O juiz de 46 anos tem como um dos principais momentos da carreira a final da Liga dos Campeões de Lisboa em 2020, em que o Bayern Munique bateu o Paris Saint-Germain por 1-0, no Estádio da Luz.

Cumpridas quatro das seis jornadas, a Espanha lidera o grupo com oito pontos, seguida de Portugal com sete, República Checa com quatro e Suíça com apenas três.

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