Conotado como um revolucionário num país que continua a ser relutante a revoluções - apenas quando estas são tecnológicas - Low, agora com 60 anos, começou a ver a porta de saída a abrir-se depois de a seleção campeã do mundo em 2014 ter sido humilhada perante a Espanha.

O caráter frio e calculista dos alemães, assim como o respeito pelo trabalho do selecionador que está à frente da mannschaft há 14 anos, impediram o despedimento de Low logo nas horas seguintes ao apito final em Sevilha. Contudo, a Federação Alemã de Futebol já terá percebido que, provavelmente, chegou o fim de um ciclo.

"A Espanha jogou melhor. Foram mais rápidos e mais precisos. Não tivemos nenhuma oportunidade. Vimos hoje que não estamos tão evoluídos como pensávamos e esperávamos após os últimos jogos. Apesar da derrota de hoje, temos que trabalhar e espero que meus jogadores tenham qualidade suficiente para seguir em frente. Não sei o que aconteceu à equipa. Quase não tivemos oportunidades e não ganhámos um duelo", disse Joachim após a partida da Liga das Nações.

Os germânicos sofreram uma das mais pesadas derrotas da sua história e, indiscutivelmente, a maior dos tempos modernos, sendo necessário recuar a 24 de maio de 1931 para encontrar outro 0-6, este com a Áustria, num particular realizado em Berlim.

Em jogos oficiais, nem sequer havia um registo semelhante, com a mais pesada derrota a cifrar-se nos cinco golos, o célebre 3-8 face à Hungria, no Mundial de 1954, que a então RFA venceria, vingando-se dos magiares, com um 3-2 na final.

A maior derrota da história dos alemães, essa, remonta há mais de um século, mais precisamente a 13 de março de 1909, dia em que a Inglaterra superou os germânicos por 9-0, em Oxford.

Desde o triunfo incontestável da Alemanha no Mundial de 2014, no Brasil, a seleção germânica entrou numa montanha russa, com mais baixos do que altos. No Euro2016 foi eliminada (2-0) nas meias-finais pela França, que viria a disputar - e perder - a final com Portugal. No Mundial2018, na Rússia, não passou da fase de grupos, ficando em último lugar do Grupo F, atrás de Suécia (1º), México (2º) e Coreia do Sul (3º).

Por fim, quanto à Liga das Nações de 2018/19, a Alemanha voltou a ficar em último lugar no Grupo 1 da Liga A, atrás dos Países Baixos e França. Já na presente edição, depois de ser goleada pela Espanha, a Alemanha ficou-se pelo segundo lugar do Grupo 4 da Liga A, garantindo, pelo menos, a permanência na divisão principal da prova da UEFA.

Possíveis substitutos

Com contrato até ao Mundial de 2022, Joachim Low tem muitos treinadores que aspiram o seu lugar na mannschaft. E todos eles com muito talento e capazes de fazer melhor.

A Alemanha tem atualmente um lote de treinadores de grande qualidade. Jürgen Klopp (Liverpool), Thomas Tuchel (PSG) e Julian Nagelsmann (Leipzig) são três nomes que todos gostariam de ver na ficha técnica de qualquer clube. Contudo, todos eles parecem entusiasmados com os seus atuais cargos e nem param para pensar que podem deixar o seu trabalho constante e desafiante para algo mais seletivo e ‘remendado’ como é o trabalho de um selecionador.

De acordo com o jornal espanhol El Pais, correm boatos de que Hans-Dieter Flick está chateado com a direção depois de o Bayern ter deixado fugir Thiago Alcântara para o Liverpool e que esteja a mostrar a porta de saída a David Alaba, que poderá assinar pelo Real Madrid. Há ainda Ralf Rangnick, um génio do futebol, que, no entanto, tem uma reputação (comprovada) de revolucionário. O antigo jogador e treinador é o atual chefe de Desenvolvimento e Desporto da Red Bull.

Antes do jogo com a Espanha, Oliver Bierhoff, diretor-desportivo da Alemanha, disse que a equipa estava sob "uma nuvem negra", apontado miras a uma imprensa hostil, que não dava apoio suficiente aos jovens talentos da mannschaft. Bierhoff fez ainda um diagnóstico preciso e difícil de contrariar: "A seleção não é mais a queridinha dos alemães", citado pelo El País.

Segundo o 'Bild', o lugar de Joachim Low está a salvo. A Federação lidou a goleada como ocasional e segue confiante no atual selecionador. O próprio Low também não encara a demissão como possibilidade e acredita ter forças para construir uma equipa que lute pelo título já no Euro2020, em 2021.

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