Paulo Fonseca, Rui Vitória, Manuel Cajuda e Domingos Paciência enalteceram hoje o papel do compatriota José Mourinho na valorização dos treinadores portugueses de futebol, felicitando o técnico da Roma pela vitória na Liga Conferência Europa.

“É um orgulho para todos os treinadores portugueses ter José Mourinho como referência. Não haja dúvida que é um treinador que fica para a história. Conquistou cinco competições europeias e, se já abriu muitas portas, vai abrir ainda mais aos treinadores portugueses noutros países. Fiquei muito satisfeito pela forma como festejou, com a mão bem aberta, sinal dos cinco títulos, porque é sinal que ele continua a ganhar”, afirmou Domingos Paciência.

O antigo treinador de União de Leiria, Académica, Sporting de Braga, Sporting, Vitória de Setúbal e Belenenses, de 53 anos, diz ter sentido Mourinho como ‘embaixador’, nas suas passagens por Deportivo, Kayserispor e APOEL.

Mourinho, que fez alinhar os compatriotas Rui Patrício e Sérgio Oliveira, somou o seu quinto troféu europeu, após duas edições da Liga dos Campeões (2003/04, pelo FC Porto, e 2009/10, pelo Inter Milão), uma da Taça UEFA (2002/03, também pelos ‘dragões’) e uma da Liga Europa (2016/17, pelo Manchester United).

O regresso dos romanos aos títulos, depois da vitória na Taça de Itália de 2007/08, com a conquista do segundo título europeu após a Taça das Cidades com Feiras de 1960/61, teve um significado especial para Paulo Fonseca, que antecedeu a Mourinho nos italianos.

“Muito [feliz], obviamente fiquei com uma ligação muito forte à Roma, aos adeptos e às pessoas que lá trabalham. A vitória de ontem [quarta-feira] foi um motivo de grande satisfação, pela vitória e pelo título que escapava há muito tempo. Vai motivar ainda mais os adeptos e esse grande clube que é a Roma”, reconheceu técnico.

Paulo Fonseca, de 49 anos, que também já passou por Desportivo das Aves, Paços de Ferreira, FC Porto, Sporting de Braga e Shakhtar Donetsk, agradeceu o contributo de Mourinho para os treinadores nacionais.

“O José Mourinho tem sido o maior representante da nossa classe além-fronteiras e, como vencedor, é um ajuda enorme para a nossa classe”, rematou Paulo Fonseca, à margem da conferência 2Build, em Cascais.

Também Rui Vitória, que deixou em dezembro o Spartak Moscovo, após comandar Al Nassr, Benfica, Vitória de Guimarães, Paços de Ferreira e Fátima, responsabilizou o atual treinador da Roma pela ‘montra’ criada para os treinadores portugueses.

“É um triunfo muito importante. O José Mourinho é, desde sempre, um grande impulsionador das carreiras dos treinadores dos portugueses em termos internacionais. De facto, cinco finais vencidas, é digno de realce. Fico contente por ele, pelo Tiago [Pinto, diretor desportivo], com quem trabalhei, e pelos jogadores portugueses que lá estão. Ontem [na quarta-feira], obviamente, torci pela Roma e fiquei muito contente”, sublinhou Rui Vitória.

Aos 70 anos, o veterano Manuel Cajuda assegurou já ter previsto o sucesso de Mourinho no jogo de quarta-feira.

“Eu vi com antecedência, não é que veja antes de os outros, mas já tinha publicado dois dias antes os meus desejos para a vitória do José Mourinho. Por uma razão simples, ele sempre me tratou por tio Manuel e eu tratei-o por sobrinho”, recordou o algarvio.

Apelando que os sucessos façam desaparecer os aspetos negativos do futebol, Cajuda destacou o feito: “Este é um fator extremamente importante, primeiro treinador a ganhar as três diferentes competições, quinta final ganha e o treinador mais titulado do futebol português. Se houver, minimamente, um treinador ou um português que não sinta orgulho na vitória do José Mourinho não merece partilhar a família do futebol”.

Depois de ter tido como última experiência no banco o Leixões, em 2019/20, depois de duas temporadas incompletas no Académico de Viseu, Cajuda afastou o fim da carreira, mas distanciou-se ainda mais do futebol português.

“Eu devo tudo ao futebol português, sem ele não teria feito o percurso que fiz. Vejo que dificilmente treinarei em Portugal, por entender que há coisas que não se coadunam com a minha maneira de ser e estar. A minha carreira não está acabada, porque ainda faltam uma ou duas pinceladas para acabar o quadro. No entanto, tenho de reconhecer que tenho 70 anos. Desejo tudo do melhor ao futebol português, estou eternamente grato, mas não sinto vontade de voltar a um futebol em que as confusões fora das quatro linhas são enormes e não prestigiam ninguém”, concluiu.

A conferência 2Build foi organizada pela Smash, numa unidade hoteleira em Cascais, onde se juntaram Pedro Lamy, Rubens Barrichelo, Susana Feitor, Frederico Gil, Marco Caneira, Duarte Gomes, Idalécio, Marco Fortes, Noronha Lopes, Luis Godinho Lopes, João Benedito e Jorge Viegas, entre quase cinco dezenas de oradores.