Dói, para os muitos milhões de adeptos do Barcelona, saber que a última imagem de Messi com a camisola do clube é o argentino cabisbaixo, procurando no relvado do estádio da Luz as respostas para o seu futuro. Aquela humilhação diante do Bayern Munique, com os impensáveis 8-2 no placard final nos quartos de final da Liga dos Campeões, marcará também o argentino para sempre.

Se calhar, Messi nunca pensou em sair do Barcelona. Mas os resultados da equipa nos últimos anos, principalmente na Europa, talvez tenham feito o craque duvidar e, após a humilhante goleada sofrida ante os novos campeões europeus, meditou, pensou e decidiu deixar o seu clube de sempre.

É difícil falar de Messi sem falar no Barcelona. São 20 anos dedicados ao clube, onde chegou aos 13 anos, com todos os sonhos de um miúdo da sua idade e com todas as esperanças depositadas em si. O Barcelona entendeu que daí podia sair um craque e apostou todas as fichas. Não se importou de pagar um dispendioso tratamento hormonal que  estava a retardar o desenvolvimento ósseo de Messi e impedia o seu crescimento.

Desde os primeiros toques, ninguém em La Masia duvidava do seu valor. A sua história no Barcelona, com ligações à Portugal (estreou-se na equipa principal na inauguração do Estádio do Dragão em 2003), foi feita de títulos, golos, assistências e muitos recordes, que fazem dele um dos melhores de sempre do emblema catalão.

Se Messi abandonar o Barcelona como deseja, ainda este verão, sairá do clube com 634 golos marcados e 254 assistências em 731 jogos, ele que é o segundo jogador com mais jogos pelo clube, a apenas 37 de outra lenda com quem partilhou o balneário e venceu tudo o que havia para vencer: Xavi Hernández. A diferença é que o agora treinador do Al-Sadd do Qatar saiu após vencer o triplete (La Liga, Copa del Rey e Champions) e com o Camp Nou lotado, com mais de 90 culés a dizer adeus. Messi sairá por burofax depois de levar 8-2.

A influência de Messi no relvado é inquestionável. Nenhum outro jogador no Mundo produz tanto como o argentino, quando o assunto é golo (golos e assistências). De acordo com dados do jornalista Alexis Martín-Tamayo, conhecido no Twitter por MisterChip, Lionel Messi esteve envolvido em 54,3 por cento dos golos do Barcelona desde 2008/2009, quando Guardiola foi promovido a técnico principal do clube, depois de passar pela equipa B.

Entre a época 2008/09 e 2019/20, o Barcelona marcou 1526 golos com Messi em campo. O argentino marcou 591 destes tentos e assistiu para outros 238. Ou seja, mais de metade dos golos dos culés tiveram participação direta do craque de 33 anos.

A máxima de que um jogador não faz uma equipa encontra alguma resistência quando falamos do Barcelona de Messi. É que desde a fundação do clube, o Barcelona apontou 9866 golos em jogos oficiais, com Messi a ter participação direta em 8,99 por cento (Golos e assistências: 887). Desses 9866 tentos, 634 são do craque argentino. Ou seja, o argentino é responsável direto por um em cada 11 golos marcados pelo Barcelona em toda a sua história (marcando ou assistindo).

A confirmar-se a saída, Messi deixará o Barcelona como jogador como mais jogos nos clássicos contra o Real Madrid (43), apenas superado por Sérgio Ramos (44 e a contar)

Os números de Messi no Barcelona

16 épocas
731 jogos oficiais (513 vitórias, 135 empates e 83 derrotas)
33 títulos
6 Bolas de Ouro (Melhor do Mundo)
6 Botas de Ouro (Melhor Marcador)
Estreia: 16 de outubro 2004, no Estádio Olímpico Lluís Companys frente ao Espanyol
Primeiro golo: 01 de maio de 2005 contra Albacete no Camp Nou

513 vitórias (70%)
59.336 minutos
634 golos (521 de pé esquerdo, 88 de pé direito, 22 de cabeça, 1 com a mão, um com o peito, 75 de penalti, 47 de livre direto)
254 assistências
Participação direta (golos e assistências) em 888 golos

77 cartões amarelos
0 cartões vermelhos

(mais 35 golos e 23 assistências em 54 jogos amigáveis)
Distribuição dos golos

La Liga: 444 (183 assistências)
Liga dos Campeões: 115 (33 assistências)
Taça do Rei: 50 (30 assistências)
Supertaça Espanha:14 (cinco assistências)
Supertaça Europeia: 3 (duas assistências)
Mundial de Clubes: 5 (uma assistência)

Outros dados

Treinador com que fez mais jogos: Pep Guardiola (291 jogos, 211 golos)
Treinador com quem teve melhor média: Tito Vilanova (60 golos em 50 jogos, 1,20 golos por partida)
Melhor Temporada: 2010/2011 (73 golos e 23 assistências).
Ano com mais golos: 2012 (79 golos entre janeiro e dezembro)
Rivais que mais sofreram golos de Messi: Sevilha (37), Atlético Madrid (32), Valencia (28), Real Madrid (26)