Em entrevista ao jornal espanhol 'AS' , Paulo Futre deu conta do momento em que esteve prestes a assinar pelo Real Madrid, quando estava de saída do Marselha. O que fez a diferença? Uma ida à casa de banho.

"É preciso contextualizar que eu cheguei ao Marselha, que tinha uma equipa fantástica, meses depois de estalar um escândalo de corrupção com o presidente Tapie. Disseram-nos que tínhamos de sair porque o clube podia desaparecer. Então um diretor do Real Madrid ligou-me, queriam contratar-me. O meu ego subiu. Avisei essa pessoa que tinha de falar com o presidente Jesús Gil porque quando sai do Atlético para o Benfica colocaram-me um clausula altissima anti-Real Madrid e Barcelona, que mantinha no Marselha. Liguei ao Jesús Gil e ele disse-me que tinha liberdade para decidir. O Real Madrid e o Marselha chegaram a acordo. Mas quando tinha o contrato em cima da mesa para assina-lo, depois de vários dias de negociações, fui à casa de banho, os meus filhos, que eram pequenos, vieram atrás de mim, olhei para ele e pensei 'como posso jogar no Real já tendo jogado no Atlético?'. Nesse momento momento guardei o ego, sai, não assinei, pedi perdão e fui-me embora. Eles ficaram chateadissimos, mas fiz o que tinha de ser feito", contou.

Futre abordou ainda a Bola de Ouro de 1987, que perdeu para o holandês Ruud Gullit, por 15 pontos.

"Gullit tinha estado bem no Ajax e o Milan contratou-o no verão de 1987. Nesse ano tinha sido campeão europeu com o FC Porto e no verão segui para o Atlético. Eu sabia que tinha vantagem e que devia mante-la até novembro, quando começavam as votações. A luta era entre Gullit, Butragueño e eu. Mas houve um jornalista do meu país que votou a favor de Gullit. Eu acho que houve batota. Na votação sempre aconteceram coisas raras: votos alterados, outros que não apareciam, jornalistas que votavam mas que não existiam... Um dia, quando estava em Milão, estive perto de perguntar a Berlusconi o que tinha feiro para que o Gullit ganha-se e não eu, mas não tive coragem", revelou.