O presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, criticou hoje os insultos racistas contra o futebolista brasileiro Vinícius Júnior, e considerou essencial “uma mudança radical na estrutura arbitral do futebol”.

“O que sucedeu é realmente muito grave, e, todos sabemos, que não foi a primeira vez. Quero deixar claro que o Real Madrid não vai tolerar mais incidentes e insultos racistas contra nenhum dos nossos jogadores”, disse, à margem de uma cerimónia de celebração da conquista da Euroliga de basquetebol.

Entretanto, o treinador dos ‘merengues', Carlo Ancelotti, garantiu que Vinícius Júnior, que tem sido alvo de repetidos insultos racistas em vários estádios espanhóis, “ama o futebol e o Real Madrid acima de tudo”, afastando a hipótese de saída do jovem avançado brasileiro.

“Não creio que saia, porque Vinícius ama o futebol e o Real Madrid. Creio que o seu pensamento neste momento não é o de sair, porque o amor pelo Real é enorme. Ele quer fazer carreira aqui e ter protagonismo na equipa”, disse.

Ancelotti admitiu que o jogador, que cumpre a quinta temporada no clube, tem estado desanimado e triste desde domingo, quando foi alvo de insultos na visita ao Valência, na 35.ª jornada da Liga espanhola, e agradeceu todo o apoio que o brasileiro está a receber dos companheiros de equipa e de jogadores de outros clubes.

“Falei com ele depois do jogo e, obviamente, está muito triste, mas sabe muito bem que tem o apoio de todo o mundo, não só do Real Madrid e dos seus companheiros, mas também dos rivais que o apoiam incondicionalmente. Neste sentido, está muito traquilo", referiu o técnico italiano.

Ancelotti confirmou que Vinícius Junior não voltou a treinar desde os incidentes no Estádio Mestalla, devido a um problema no joelho, e admitiu a possibilidade de dar uma semana de férias ao jogador, depois de saber a sanção que lhe será aplicada pela expulsão, por protestos, nos instantes finais da partida, que os ‘merengues’ perderam por 1-0.

“Vamos ver a sanção que vai ter, se uma ou duas partidas de suspensão. Queremos que tenha descanso, se possível. Se tiver dois jogos de castigo terá uma semana de férias, e poderá jogar o último jogo com o Athletic Bilbau. Se tiver só um, não terá férias para poder jogar com o Sevilha”, disse.

No domingo, durante o jogo com o Valência, o jovem avançado brasileiro do Real Madrid foi, mais uma vez, alvo de insultos racistas por parte de alguns adeptos, que motivaram reações de vários quadrantes, nomeadamente do presidente do Brasil, Lula da Silva, e do líder da FIFA, Gianni Infantino.

Nos últimos meses, Vinícius tem sido alvo de vários insultos racistas e, no final de janeiro, foi o protagonista de um episódio que levou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a enviar uma carta às entidades que regem o futebol (FIFA, UEFA e CONMEBOL) a solicitar medidas concretas para punir os comportamentos racistas e aumentar a consciencialização sobre o tema.

Os insultos a Vinícius no Estádio Mestalla levaram hoje a Liga espanhola de futebol a anunciar que vai solicitar, formalmente, nos próximos dias, alterações à legislação contra a violência, o racismo, a xenofobia e a intolerância no desporto, na sequência dos insultos racistas ao brasileiro que pedir a alteração da lei contra a violência e o racismo no desporto.

Entretanto, a polícia anunciou a detenção, em Valência, de três homens por suspeita de terem proferido insultos racistas contra o futebolista brasileiro no Estádio Mestalla.