O italiano Roberto de Zerbi ignora se vai continuar a treinar o Shakhtar Donetsk, da Liga ucraniana de futebol, assumindo que gostaria de prosseguir a carreira na Ucrânia, mas sem guerra, iniciada com a invasão da Rússia.

"Se houver um campeonato [na próxima temporada na Ucrânia], gostaria de ficar aqui, mas se acontecer o contrário e não houver esta competição, gostaria de retomar uma vida normal e continuar a trabalhar”, declarou.

Face à incerteza, o técnico de 42 anos reconheceu que hoje foi “um dia emocionante, muito triste”, pois há a possibilidade de que tenha sido o seu derradeiro dia como técnico do Shakhtar.

Roberto de Zerbi assumiu a formação ucraniana no início da época, porém o campeonato não chegou ao fim devido ao facto de o país ter sido invadido em 24 de fevereiro pela Rússia.

A prova foi suspensa e a semana passada foi dada como concluída, sem que o título de campeão fosse concedido quando o Shakhtar liderava.

“É muito importante termos terminado todo este período juntos”, vincou o transalpino.

Sem competir oficialmente, o Shakhtar tem feito uma “digressão mundial pela paz”, com uma série de encontros particulares que começaram em abril com o propósito de angariar fundos para ajudar os órfãos da guerra.

"Estou com a Ucrânia e com todos os ucranianos. Porque gosto de estar com boas pessoas que têm dignidade, coragem e orgulho. Eu e a minha equipa técnica vamos sair agora, mas penso que nos tornámos melhores graças à Ucrânia", concluiu.

Em 2014, o Shakhtar já tinha sido obrigado a deixar a cidade de Donetsk durante os primeiros confrontos entre o exército ucraniano e as forças pró-russas do Donbass.

A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas de suas casas – mais de 7,7 milhões de deslocados internos e mais de 5,5 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).