Paula Correia, uma emigrante guineense em Espanha, afirmou hoje que pretende os apoios do Benfica e do "amigo Paulo Futre" para o desafio que acabou de aceitar em ser presidente do FC Tigres de Fronteira de São Domingos.

O clube de São Domingos, localidade guineense que faz fronteira com o Senegal, jogou, durante alguns anos, na primeira divisão do futebol do país, mas um problema na federação, envolvendo o Sporting da Guiné-Bissau, atirou o clube para segunda categoria já há dois anos.

Paula Correia, eleita por unanimidade pelos sócios no último fim de semana, disse hoje à agência Lusa que o desafio é recolocar os Tigres da Fronteira na primeira divisão já na próxima época, "para que voltem a jogar com o Benfica, o Sporting e a UDIB", os três principais clubes do futebol guineense.

Internamente, Paula Correia, a segunda mulher a dirigir um clube de futebol, depois de Conceição Évora - que esteve a frente do Atlético Clube de Bissorã durante quatro anos -, conta com a colaboração dos filhos e amigos de São Domingos, mas é fora da Guiné-Bissau que espera as principais ajudas.

"Primeiro, (conto) com o meu clube de Espanha. Eu sou sócia do Atlético de Madrid, vou tentar falar com o presidente, que conheço, tal como o treinador. O Paulo Futre, que era diretor desportivo, é meu amigo. Vou tentar", afirmou Paula Correia, hoje empresária, mas que salienta ser uma apaixonada pelo futebol desde a adolescência.

Paula Correia jogou futebol em Bissau, antes de emigrar há 30 anos para Espanha, mas ainda hoje prefere falar do desporto-rei em vez de ver as novelas, frisa, para destacar perceber da modalidade.

A presidente do FC Tigres de Fronteira quer fazer com que Futre, Benfica e clubes da capital espanhola se interessem por São Domingos, mas antes disse ter que lidar com o machismo, pelo facto de "uma mulher estar a liderar homens", num desporto que ainda é dominado pelo sexo masculino na Guiné-Bissau, sublinha.

Paula Correia espera ser a fonte de inspiração para que mais mulheres venham ao futebol na Guiné-Bissau, como ocorre noutras partes do mundo.