A UEFA aplicou multas superiores a quatro milhões de euros nos 178 incidentes de comportamento discriminatório registados em 19.208 jogos de futebol realizados sob a sua égide desde 2009, detalhou hoje o organismo à agência Lusa.

De acordo com os dados da UEFA referentes a encontros disputados entre 01 de janeiro de 2009 e 20 de novembro de 2019, foram detetados incidentes com “comportamento racista ou outro comportamento discriminatório, incluindo qualquer insulto à dignidade humana com base em cor da pele, raça, religião, origem étnica, género ou orientação sexual” em 178 jogos, ou seja, em 0,92% das partidas.

Relativamente a estes jogos de seleções e clubes, o Comité de Controlo, Ética e Disciplina da UEFA “deliberou o encerramento completo de 66 estádios (16 com pena suspensa), o encerramento parcial de 76, cinco situações de proibição de venda de bilhetes para jogos como visitado e multas no total de 4.234 milhões de euros”, lê-se na resposta do organismo à Lusa.

“A luta contra o racismo, discriminação e intolerância no futebol é uma prioridade para a nossa organização. A UEFA condena tais comportamentos deploráveis e demonstrou sempre tolerância zero em qualquer forma de racismo ou discriminação”, assinalou o organismo regulador do futebol europeu.

Foram registadas 130 ocorrências disciplinares nos 9.972 jogos de competições de clubes, na sua maioria na Liga Europa (com 53% do total absoluto dos casos, 95 em 5.425 jogos), e 48 nos 9.236 de seleções (37 em 977 encontros de seniores masculinos, uma em competições femininas, em 3.758 jogos, e 10 em escalões jovens, em 4.501 encontros).

Os anos de 2019 e 2014 estão no topo das ocorrências, com 24 e 23, respetivamente, podendo, no entanto, não terem sido os de situações mais gravosas, atendendo a que 2015 e 2016 foram os que registaram multas mais elevadas, com 598 e 514 mil euros.

No ano passado a UEFA decretou o encerramento total de 13 estádios, cinco com pena suspensa, e 11 parcialmente, assim como uma pena de proibição de venda de bilhetes para jogos na casa do adversário, correspondendo a multas de 480 mil euros.

Numa análise cronológica, 2019 foi o ano com mais estádios fechados totalmente, 2015 o que mais setores de recintos foram encerrados, com a particularidade de, nesse ano, ter sido também aplicada uma sanção de dedução de pontos, à seleção croata, pela apresentação de uma cruz suástica no relvado.

No ano seguinte (2016), a Rússia incorreu na desqualificação do Euro2016, na sequência dos incidentes ocorridos em Marselha, no empate 1-1 com a Inglaterra, num processo em que, além do comportamento racista, foi ainda condenada por agressões e uso de engenhos pirotécnicos. Esta pena ficou suspensa até à final do campeonato, que Portugal viria a conquistar.