A fase de instrução do chamada Caso dos e-mails arranca no próximo dia 17 de março.

Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, Júlio Magalhães, ex-diretor do Porto Canal e Diogo Faria, diretor de conteúdos da FC Porto media, vão ser ouvidos pelo juízo de instrução criminal (JIC) de Matosinhos. Depois de ouvir as duas partes, o juiz de instrução determina se o processo segue para julgamento.

Fonte judicial disse hoje à Lusa que pelas 14:30 de 17 de março está agendada a inquirição do diretor do jornal desportivo ‘O Jogo’, José Manuel Ribeiro, que a defesa arrolou como uma das testemunhas no Requerimento de Abertura de Instrução (RAI), para ser inquirido “à matéria relacionada com a cobertura dada pela comunicação social à divulgação dos e-mails do SL Benfica”.

A inquirição, à semelhança das restantes sessões da fase de instrução, serão à porta fechada, exceto o debate instrutório – ainda sem data marcada – que será à porta aberta.

No RAI, a que a Lusa teve acesso, assinado pelos advogados Nuno Brandão, Solange Jesus e Inês Guimarães, indicam-se também como testemunhas Carlos Manuel Pinto Duarte, advogado e ex-árbitro, e Guilherme Aguiar, advogado e ex-diretor executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, mas sobre estes o TIC de Matosinhos ainda não se pronunciou.

A defesa pede que o JIC profira despacho de não pronúncia (que não leve os seus constituintes a julgamento), dizendo que a queixa apresentada pelo Benfica “não é válida”, entre outros argumentos.

“O que o os arguidos fizeram foi dar a conhecer publicamente o conteúdo de correspondência eletrónica reveladora de factos suscetíveis de merecer censura criminal, disciplinar desportiva e ético-social assacável aos Assistentes [empresas ligadas ao universo Benfica] e aos indivíduos que no interesse deles atuaram, devendo, consequentemente, esse exercício qualificar-se como juridicamente legítimo e lícito (…), excluindo-se a verificação dos pressupostos de que depende a responsabilização criminal dos arguidos”, sustenta o RAI.

Foi há um ano que o Ministério Público acusou Francisco J. Marques de seis crimes de violação de correspondência e um de acesso indevido no caso dos emails do Benfica divulgados durante programas do Porto Canal. Júlio Magalhães foi acusado por três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações agravados. Diogo Faria responde por dois crimes.

Vera Camacho, procuradora do caso, suspeita que antes de 4 de abril de 2017, alguém terá acedido ao sistema informático do Benfica e ao email de vários colaboradores dos encarnados e partilhado essa informação com Francisco J. Marques. Mais tarde, o diretor de comunicação do FC Porto criou uma conta de email que encriptava os conteúdos das mensagens. Eram cerca de 20 gigabytes de correspondência: "Face ao volume e características da correspondência eletrónica que foi remetida a Francisco J. Marques, este adquiriu um computador Macintosh, que manteve sem qualquer ligação à rede de Internet ou outra, para efetuar a análise ao conteúdo dos elementos que lhe eram remetidos", pode ler-se no documento da acusação.

Francisco J. Marques decidiu divulgar essa informação no programa Universo Porto Bancada onde era comentador, e onde acabou por revelar excertos de mensagens eletrónicas trocada entre colaboradores do Benfica e terceiros.

A identidade da pessoa que divulgou partilhou essas informações com Francisco J.  Marques ainda não foi apurada pelo Ministério Público.

Quanto ao então diretor do Porto Canal, a procuradora do DCIAP Vera Camacho considera que Júlio Magalhães “sabia que nos programas iriam ser revelados e-mails de terceiros”, mas que “nada fez para impedir tais transmissões”.

“O arguido Júlio de Serpa Magalhães, na qualidade de diretor-geral do Porto Canal, tinha a capacidade de impedir a transmissão dos programas Universo Porto da Bancada na modalidade de inclusão da rubrica de divulgação de e-mails do Benfica, mas optou por não fazê-lo, aderindo, dessa forma, à prática de revelação de que foi conduzida por Francisco J. Marques”, sustenta o MP.

Saiba como tudo começou

6 de junho de 2017

Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, denuncia no programa ‘Universo Porto da Bancada’, do Porto Canal, emails que terão sido trocados entre Adão Mendes, antigo árbitro da Associação de Futebol de Braga, e Pedro Guerra, na altura diretor de conteúdos da Benfica TV, salientando que os mesmos configuram um "esquema de corrupção [na arbitragem] para beneficiar o Benfica".

Francisco J. Marques começa por citar um email de Adão Mendes para Pedro Guerra de 28 de Janeiro de 2014 em que se fala de “padres” para representar árbitros e de “missas” como jogos do Benfica.

Num outro email trocado entre Adão Mendes e Pedro Guerra, o diretor de comunicação dos ‘dragões’ cita um excerto em que são referidos os nomes de oito árbitros (Jorge Ferreira, Nuno Almeida, Manuel Mota, Vasco Santos, Rui Silva, Hugo Pacheco, Bruno Esteves e Paulo Baptista) que, na sua opinião, estão ao serviço do clube ‘encarnado’.

7 de junho de 2017

O Benfica reage em comunicado às acusações de Francisco J. Marques, desmentindo “de forma veemente as falsas e absurdas insinuações do diretor de comunicação do FC Porto” e revelando a intenção de avançar com um “processo-crime por difamação e outros processos que que se justifiquem”.

No mesmo dia, a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) anuncia a intenção de apresentar “queixa das referidas declarações” de Francisco J. Marques.
13 de junho de 2017

Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, é implicado numa troca de emails com Mário Figueiredo, ex-presidente da Liga, e Nuno Cabral, ex-delegado da Liga. O primeiro fala de um pedido do antigo árbitro ao jurista ‘encarnado’, em outubro de 2014, para interceder a favor do árbitro Manuel Mota devido a uma nota negativa que recebeu num jogo entre o Vitória de Guimarães e o Marítimo. O dirigente benfiquista teria ainda recebido emails de Adão Mendes a pedir que intercedesse a favor do filho Renato Mendes, árbitro da AF Braga.

15 de junho de 2017

O Diário de Notícias avança que os emails revelados por Francisco J. Marques estão na posse do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, que os obteve através de uma denúncia anónima.

16 de junho de 2017

O Benfica, através do seu diretor de comunicação Luís Bernardo, afirma que vai avançar com processos-crime contra Pinto da Costa e o FC Porto no âmbito do caso dos emails revelados pelos ‘dragões’. “Se o FC Porto alega ter informação confidencial, terá tido acesso a informação comercial e isso é um crime grave", disse o diretor de comunicação do Benfica à BTV.

Francisco J. Marques acusa o Benfica de monitorizar as mensagens telefónicas do atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes. O dirigente portista citou alegados emails enviados em 2014 por Carlos Deus Pereira, então presidente da Assembleia-Geral da Liga, a Pedro Guerra, com o conteúdo de centenas de sms’s de Fernando Gomes, na altura presidente da Liga de Clubes.

24 de junho de 2017

O Expresso avança que a Polícia Judiciária está a investigar as acusações feitas pelo FC Porto a elementos do Benfica e já terá na sua posse os emails e mensagens que o diretor de comunicação dos ‘dragões’ tem vindo a revelar. A RTP adianta, por sua vez, que a PJ pretende ouvir os envolvidos no caso, nomeadamente Pedro Guerra, Nuno Cabral e Adão Mendes.

28 de junho de 2017

Francisco J. Marques acusou o Benfica de recorrer a "bruxaria" para conseguir obter resultados desportivos nas últimas temporadas, partilhando no Porto Canal um email a envolver Luís Filipe Vieira, presidente das ‘águias’ e o "General Doutor Armando Nhaga, comissário nacional da polícia da Guiné Bissau". Rui Gomes da Silva, ex-vice dos ‘encarnados’, terá sido o intermediário.

9 de agosto de 2017

O diretor de comunicação do FC Porto revela novos emails, trocados entre Domingos Soares Oliveira, administrador da SAD do Benfica, e dois advogados ligados ao processo que decorre tribunal contra Jorge Jesus, “com conhecimento de Paulo Gonçalves”. Numa mensagem, Domingos Soares Oliveira terá sugerido que se investigasse o computador que Jorge Jesus levou para o Sporting, para benefício em tribunal.

29 de agosto de 2017

Francisco J. Marques acusa Bruno Paixão de manter "contactos clandestinos" com o Benfica, através da intermediação de Nuno Cabral, antigo delegado da Liga. O dirigente portista mostrou uma alegada conversa de Facebook, em março de 2014, entre o árbitro da AF Setúbal e o ex-delegado da Liga, cuja alegada ligação aos ‘encarnados’ por várias vezes foi denunciada por Francisco J. Marques - em que o juiz, após apitar um Tondela-Benfica B, terá mandado "fazer fichas novas" porque no seu entender "não estavam bem preenchidas".

12 de setembro de 2017

O Jornal de Notícias avança que o Benfica interpôs uma providência cautelar contra FC Porto, SAD, FC Porto Media, Porto Canal e Francisco J. Marques. Ao Tribunal Cível do Porto, através do advogado Gonçalo Malheiro, o clube pediu a proibição imediata de novas revelações de emails ou mensagens, reclamando o pagamento de um milhão de euros por cada violação da decisão judicial.

Em comunicado divulgado no site do clube, o emblema da Luz confirmou e justificou a ação judicial, cujos objetivos serão “impedir, primeiro, a prática continuada de uma conduta ilícita” e garantir, em segundo lugar, “a salvaguarda do bom-nome do Sport Lisboa e Benfica”.

13 de outubro de 2017

O Tribunal Cível da Comarca do Porto indefere a providência cautelar intentada pelo Benfica para impedir Francisco J. Marques de continuar a divulgar emails. No documento de 60 páginas, o tribunal considera que não ficou provado que a situação constitua "o instituto da concorrência desleal", argumento utilizado pelos 'encarnados'.

19 de outubro de 2017

O assessor jurídico do Benfica Paulo Gonçalves foi constituído arguido na sequência de buscas da Policia Judiciária ao clube. Fonte do clube da Luz garantiu que constituição de arguido a Paulo Gonçalves “não reside em nenhuma suspeita concreta do processo, mas sim das exigências do próprio estatuto da ordem dos advogados que assim determina sempre que um advogado forneça informação num âmbito de um processo”.

Neste dia, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) confirmou a investigação a um suspeito, no âmbito do caso dos emails do Benfica, por corrupção passiva e ativa.

Em comunicado, a PGDL deu conta da emissão de mandados de busca domiciliária e não domiciliária, no âmbito de uma investigação em curso pelos crimes de corrupção passiva e ativa, por parte da nona secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

Foram feitas buscas no Estádio da Luz e às residências de Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves, Ferreira Nunes (ex-responsável pela classificação dos árbitros), Adão Mendes, Nuno Cabral e Pedro Guerra. Duraram cerca de 10 horas.

24 de outubro de 2017

Pedro Guerra, antigo diretor de conteúdos da BTV e um dos visados por Francisco J. Marques no caso dos emails, admitiu que mantinha conversas com ex-árbitros, nomeadamente Adão Mendes, também ele acusado pelo diretor de comunicação dos 'dragões', mas que o fazia apenas depois dos jogos.

29 de outubro de 2017

O Ministério Público confirmou ter aberto um inquérito de forma a apurar se os alegados emails do Benfica, que têm sido revelados por Francisco J. Marques, foram obtidos através de pirataria informática, e se a forma como os mesmos têm sido divulgados pelo diretor de comunicação do FC Porto, também constitui crime.

A confirmação foi dada pelo próprio Ministério Público ao Jornal de Notícias. Neste inquérito, diferente daquele onde o Benfica é acusado da prática de um alegado esquema de corrupção na arbitragem, estão em causa eventuais "crimes de acesso ilegítimo, violação de correspondência e ofensa a pessoa coletiva".

31 de outubro de 2017

A revista 'Sábado' deu a conhecer novas informações relacionadas como o caso dos emails, mencionando a existência de uma "rede de influência" do Benfica sobre estruturas de decisão do futebol para influenciar a arbitragem em Portugal.

De acordo com esta publicação, terá sido este o motivo para as buscas da PJ NA Luz e nas casas de Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves e Pedro Guerra.

15 de novembro de 2017

Horácio Piriquito, gestor e membro do Conselho Fiscal da FPF, apresentou esta quarta-feira a demissão na sequência das revelações da revista Sábado de que teria cedido a Pedro Guerra, comentador afeto ao Benfica, "documentos internos" da FPF, relacionados com auditorias trimestrais e que não eram de divulgação pública

Horácio Piriquito deu conta da sua demissão num comunicado publicado na rede social Facebook, onde reconhece ser "amigo" de Pedro Guerra, com quem troca “regularmente emails", afirmando que tudo não passou de uma “troca normal de informações e esclarecimentos."

26 de dezembro de 2017

Francisco J. Marques revelou como é que o Benfica chegou a quem fez download dos emails que estavam relacionados com o clube. No programa do Porto Canal Universo Porto, o diretor de comunicação dos 'azuis e brancos' diz que foi uma ação premeditada por parte dos clube da Luz.

"Qualquer pessoa poderia pôr aquilo a disparar para o email do Benfica, mas, a partir do momento em que o Benfica envia as cartas, quer dizer que o Benfica fez isso de forma consciente e premeditada. Quem está a receber a carta foi porque fez download de sites aparentemente disponibilizados pelo Benfica. Fazer download de ficheiros que estão a circular na Internet não me parece ser um crime que deva preocupar quem quer que seja".

30 de dezembro de 2017

O jogo entre Rio Ave e Benfica da época 2015/2016 está a ser investigado pela Polícia Judiciária por suspeitas de viciação de resultado, avançou o jornal Correio da Manhã.

De acordo com o referido diário, a Polícia Judiciária está a investigar um alegado pagamento a jogadores do Rio Ave para que perdessem contra o Benfica na época 2015/2016. Segundo as informações veiculadas, quatro jogadores do Rio Ave terão sido abordados por empresários ligados ao clube da Luz para que perdessem contra o Benfica.

17 de janeiro de 2018

Começam a ser ouvidos os árbitros sobre o chamado caso dos e-mails. A Comissão de Instrutores da Liga já está a ouvir os juízes, sobre o alegado caso de corrupção que poderá envolver o Benfica.

Segundo o jornal Record, os juízes estão a prestar declarações enquanto testemunha e por iniciativa do próprio organismo, com os inquéritos a realizarem-se em Lisboa e no Porto.

24 de janeiro de 2018

O Ministério Público (MP) juntou os inquéritos dos ‘vouchers’ e dos ‘emails’ do Benfica num só processo, confirmou à agência Lusa fonte oficial da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Questionada pela Lusa, fonte oficial confirmou que os inquéritos foram apensados, reiterando que as investigações se encontram em segredo de justiça.

Na sua edição de hoje, a revista Sábado deu conta da concentração dos casos num só processo, pela existência de “matéria e personagens coincidentes a ambas as investigações”.

27 de janeiro de 2018

O diretor de comunicação do Benfica, Luís Bernardo, afirmou que "não tem nada de novo" a notícia sobre a junção de uma investigação relativa a um jogo suspeito aos inquéritos dos ‘vouchers’ e dos ‘emails’.
"Isto não tem nada de novo", afirmou Luís Bernardo, pronunciando-se em seguida sobre os diversos casos, para concluir que "a posição do Benfica é estar com total tranquilidade, uma vez que não cometeu ilegalidades".

9 de fevereiro de 2018

O Ministério Público anexou ao processo dos e-mails uma nova investigação, relacionada com a possível existência de uma fonte "paga" que o Benfica terá junto do sistema de justiça, noticia a revista Sábado.

Segundo a Sábado, um dos sites que tem vindo a difundir os e-mails do clube "encarnado" divulgou um documento interno da Polícia Judiciária no qual o coordenador da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ alerta para essa suspeita. Nesse documento, datado de 29 de Setembro de 2017, é referido que um funcionário terá cometido atos que indiciam violação do segredo de justiça, violação do segredo por funcionário e corrupção passiva por ato ilício ao ter permitido que responsáveis do Benfica acedessem a partes do processo do caso dos emails.

10 de fevereiro de 2018

O semanário 'Expresso' garante que o Ministério Público mandou abrir uma investigação com o objetivo de identificar o responsável por uma alega fuga de informação para o Benfica sobre os processos em que o clube está a ser investigado tendo como base uma denúncia feita por um dos principais investigadores da Polícia Judiciária.

Segundo o referido jornal, a Polícia Judiciária tem suspeitas de um funcionário do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa que, "teria passado ilegalmente diversas peças processuais do inquérito em curso da 9.ª secção do DIAP a 'responsáveis daquele clube' (...), conteúdos de vários documentos confidenciais, todos eles relacionados com o caso dos e-mails".

O Expresso escreve ainda que a Procuradoria-Geral da República não confirmou ao semanário se abriu um inquérito a esta alegada fuga de informação, mas avançou que uma "fonte próxima da investigação confirmou que o DIAP de Lisboa acabou por tomar conta de mais um dossiê que envolve o clube encarnado".

17 de fevereiro de 2018

O Benfica terá sido contactado via telefone por um grupo de alegados piratas informáticos, que exigiram o pagamento de um milhão de euros para parar com a divulgação de emails do clube da Luz.

De acordo com o jornal Correio da Manhã, que cita fonte dos 'encarnados', o mesmo grupo terá proposto ainda a venda de emails internos de FC Porto e Sporting.

O Benfica terá informado imediatamente as autoridades para apresentar queixa do sucedido, queixa essa que já estará a ser analisada pelo Ministério Público, segundo refere a mesma publicação.

21 de fevereiro de 2018

O FC Porto não pode voltar a divulgar alegada correspondência privada do Benfica no Porto Canal, por intermédio do seu diretor de comunicação e informação Francisco J. Marques, avança esta quarta-feira o diário JN na sua edição online.

Segundo escreve o referido jornal portuense, o Tribunal da Relação do Porto deu razão ao Benfica no recurso do procedimento cautelar interposto pelo clube da Luz de forma a proibir o FC Porto de divulgar correspondência privada dos dirigentes da Luz através do seu programa no Porto Canal 'Universo Porto - Da Bancada'.

23 de fevereiro de 2018

O FC Porto e o seu diretor de comunicação estão proibidos de divulgar mais e-mails do Benfica. A decisão foi imposta pelo Tribunal da Relação do Porto, dez meses depois de Francisco J. Marques começar a divulgar emails onde revela um suposto esquema montado pelo Benfica para dominar as instâncias do futebol em Portugal. A divulgação dos mesmos deu origem a uma investigação por suspeitas de corrupção e tráfico de influências.
No acórdão do tribunal, que o Jornal de Notícias teve acesso, ficou determinado que o FC Porto pode incorrer numa multa até 200 mil euros de cada vez que infringir a proibição de não revelar emails do Benfica.

24 de fevereiro de 2018

A Polícia Judiciária suspeita que há uma 'toupeira' dentro da estrutura do Benfica, que poderá estar a passar informação para o exterior.

De acordo com o semanário Expresso, as autoridades estão a investigar esta hipótese já que, mesmo depois de o Benfica ter reforçado a segurança da sua rede, as informações sobre e-mails do clube da Luz continuam a ser divulgados.

"Não deve ser posta de parte a hipótese de, em alguns casos, a fuga de informação ter sido realizada por alguém com acesso privilegiado aos servidores do clube, dada a diversidade de contas que seria necessário comprometer para se aceder às informações que depois foram tornadas públicas", pode ler-se no Expresso.

27 de fevereiro de 2018

O diretor de comunicação e informação do FC Porto, Francisco J. Marques, anunciou esta terça-feira que o clube portista vai recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos da decisão judicial que impede, neste momento, de qualquer divulgação de correspondência privada do emblema da Luz.

Em declarações no Porto Canal, Francisco J. Marques criticou a decisão do Tribunal da Relação do Porto em impedir a divulgação de correspondência privada do Benfica e alegou o 'interesse público' para anunciar que o clube vai recorrer da decisão ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

6 de março de 2018

Paulo Gonçalves, diretor do departamento jurídico do Benfica é detido pela Polícia Judiciária por suspeitas de ter subornado três funcionários judiciais para lhe fornecerem dados processuais do chamado 'caso dos mails'. A PJ confirma a detenção de duas pessoas no âmbito da operação “e-Toupeira”.

7 de março de 2018

Depois de ter sido detido, Paulo Gonçalves passa a noite nos calabouços da polícia para ser ouvido no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa. O assessor jurídico do Benfica está proibido de contactar com os outros arguidos do processo 'e-toupeira'. Além de Paulo Gonçalves, também José Silva, funcionário do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, é detido por corrupção passiva e fica em prisão preventiva.

10 de março de 2018

Luís Filipe Vieira anuncia a criação de um gabinete de crise que vai monitorizar todas as manifestações de pessoas e entidades que, no entender das mesmas, possam colocar em causa o nome do Benfica, avançando com queixas-crime.

É ainda anunciado um processo contra Nuno Saraiva, diretor de comunicação do Sporting, que acusou o Benfica B de perdeu de forma propositada para favorecer a Académica (4-0) em troca de votos na Assembleia Geral da Liga.

16 de março de 2018

A revista 'Sábado' avança que o Benfica teve acesso a “dados da Segurança Social” do Sporting. A mesma publicação adianta que Polícia Judiciária encontrou, nas últimas buscas no estádio da Luz ao gabinete de Paulo Gonçalves, documentos sobre processos em segredo de justiça e também “pesquisas na base de dados da Segurança Social” relativas a Hernâni de Jesus Fernandes, assessor do Sporting e antigo árbitro assistente.
A 'Sábado' revela ainda que, com base num auto do Ministério Público, José Augusto Silva, técnico do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça suspeito de passar informações confidenciais a Paulo Gonçalves, o empresário Óscar Cruz e o ex-funcionário judicial José Ribeiro estiveram sob escuta telefónica. E terá sido através destas escutas que que a PJ conseguiu descobrir o elo de ligação entre José Silva e o assessor jurídico da SAD do Benfica.

No mesmo dia, o Record afirma que as empresas que patrocinam o Benfica quiseram saber pormenores sobre os processos dos E-Mails, Operação Lex e E-Toupeira, por temerem que estes venham a ter consequências para a sua própria marca. Emirates, Sagres, Coca-Cola, NOS e Huawei foram algumas dessas empresas.

17 de março de 2018

O semanário 'Expresso' revela que o Benfica vai avançar com uma queixa crime contra Pinto da Costa por difamação. O motivo, de acordo com o referido jornal, tem a ver com o editorial do presidente do clube portista na revista oficial do FC Porto. Nesse artigo, o líder portista denuncia aquilo que considera "uma rede de tentáculos a todos os níveis de vergonha".

Além disso, o 'Expresso' também adianta que o clube da Luz está ainda a preparar uma queixa-crime contra a 'Young Network', contra terceiros e contra João Pedro Capitão, que acredita ser o autor do blogue afeto ao Sporting "Mister do Café", e que tem divulgado documentos no caso dos emails.

19 de março de 2018

O Benfica confirma, na televisão do clube, que vai avançar com uma queixa-crime contra os blogues "Mister do Café" e "Mercado de Benfica", por violação do segredo de justiça.Os alvos das 'águias' são a empresa de assessoria Young Network, que o clube da Luz acusa de colaborar com o Sporting, João Capitão e Miguel Rato, colaboradores da referida empresa.

24 de março de 2018

O 'Expresso' avança que José Silva, funcionário judicial detido no âmbito da investigação e-Toupeira, acedeu ilegalmente a um inquérito do Ministério Público na véspera da realização de buscas no Estádio da Luz no âmbito da Operação Lex.

Segundo veicula o referido semanário, o funcionário judicial terá feito várias pesquisas ilegais no Citius na véspera de todas as buscas ao Estádio da Luz.

27 de março de 2018

O Jornal de Notícias escreve que no passado dia 6 de março, Paulo Gonçalves “foi apanhado na posse do currículo do familiar” de José Silva, arguido na operação E-Toupeira, “que estaria encaminhado para o Museu Cosme Damião”, tendo a Polícia Judiciária travado a possível contratação de Fernando Nuno.

O ‘JN’ adianta ainda que o cargo seria uma das contrapartidas “pela pesquisa e cedência de preciosas informações sobre processos-crime em segredo de justiça que implicavam o Benfica, mas também os rivais FC Porto e Sporting.”

23 de abril de 2018

O DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação penal) e a PGR (Procuradoria-Geral da República) receberam uma queixa anónima contra o coordenador da Polícia Judiciária Pedro Fonseca, que é descrito como o elemento que "queria arrumar com o Benfica".

Pedro Fonseca, recorde-se, foi quem reportou a existência de uma alegada toupeira do Benfica no Campus da Justiça, dando origem ao processo no qual Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD 'encarnada', é arguido.

11 de maio de 2018

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirma que o inquérito 'E-Toupeira' tem sete arguidos, mais dois do que os confirmados pela mesma fonte, a 9 de março. Sem identificar os novos arguidos, a PGR confirmou à Lusa a informação divulgada pelo Jornal Económico, que, citando fonte próxima do processo, diz tratarem-se de dois oficiais de justiça.

Os dois novos arguidos juntam-se agora aos cinco arguidos do processo, onde se inclui Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica e José Nogueira Silva, técnico de informática do Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça (IGFEJ), em prisão preventiva desde março.

24 de maio de 2018

O 'Jornal de Notícias' avança que cerca de 20 pessoas ligadas à arbitragem do futebol nacional, cuja vida pessoal terá sido espiada por José Nogueira Silva têm vindo a ser chamadas pelas autoridades para prestar declarações.

De acordo com a publicação, os elementos ligados à arbitragem foram informados de que foram alvo de "espionagem" por parte do funcionário judicial e que podem ser constituídos assistentes no processo E-Toupeira.

28 de agosto de 2018

Um dia depois de ser constituída como arguida, a SAD do Benfica anuncia que vai impugnar a decisão do Ministério Público (MP) e solicitar o afastamento do magistrado titular do inquérito. Em comunicado, a SAD do Benfica considera que o processo "afronta a Constituição, a Lei e os deveres funcionais do Procurador".

Apesar da condição de arguida no 'e-toupeira', o Benfica não deverá sofrer qualquer tipo de sanção desportiva, de acordo com o jornal Record. Isto porque, avança o mesmo jornal, os regulamentos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e da Liga Portugal apenas se debruçam sobre atos de corrupção envolvendo agentes desportivos, o que não configura o caso em questão.

Uma das dúvidas que se levanta é se a condição de arguida da SAD 'encarnada' no processo poderia levar a sua extinção. Apesar de estar contemplada na lei, a dissolução de uma sociedade só avança se for provado que esta foi constituída exclusivamente para a prática daquele tipo de crimes. Ora, como se sabe, A SAD do clube da Luz visa a prática desportiva, pelo que é impossível a sua extinção. Mas a hipótese destituição ganha forma, embora seja pouco provável. Os sócios terão sempre a última palavra.

4 de setembro de 2018

O Ministério Público acusa José Augusto Silva e Júlio Loureiro, oficiais de justiça; Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica e a própria SAD benfiquista no âmbito do processo e-toupeira.

Segundo uma nota publicada no site da PGDL, em causa estão os crimes de corrupção. oferta e recebimento de vantagem indevida, favorecimento pessoal, violação do segredo de justiça, violação de segredo por funcionário, peculato, acesso indevido, violação do dever de sigilo e falsidade informática.

Cerca de uma hora depois, o Benfica reage, através de um comunicado, à decisão do Ministério Público. "Absurda e injustificada acusação", indica o título da nota publicada no site oficial do clube.

O clube da Luz assegura ainda que irá reagir logo que tenha "conhecimento dos termos concretos da acusação, com total rigor e firmeza no sentido de desmontar as absurdas e injustificadas imputações do Ministério Público".

*Artigo atualizado às 14h24