O nome Murtaza Ahmadi saltou para os jornais e noticiários de janeiro de 2016 quando este menino afegão apareceu vestido com uma camisola feita de plástico com o nome de Lionel Messi nas costas. As imagens de Murtaza, de cinco anos, com uma camisola ‘improvisada’ do craque argentino correram as redes sociais, originando uma procura pela criança, colocando-se a possibilidade de vir a conhecer o jogador do Barcelona.

A história chegou até Lionel Messi, que ofereceu uma camisola oficial assinada a Murtaza Ahmadi

"Murtaza viu cumprido um dos seus maiores sonhos. Recebeu camisolas da equipa e uma bola assinada com uma mensagem pessoal de Messi. Pensou que hoje conheceria Messi, mas quando percebeu que só tinham vindo as camisolas e uma bola ficou triste, continuando a pedir para conhecer pessoalmente Messi", disse o pai de Murtaza, Arif Ahmadi, a 25 de fevereiro de 2016, num comunicado da UNICEF, organismo das Nações Unidas do qual o futebolista é embaixador para a Boa Vontade.

O tão desejado encontro teve lugar em Doha, Qatar, onde o Barcelona realizou um amigável. Messi convidou inclusivamente o pequeno Murtaza Ahmadi para assistir a um jogo do clube catalão. Os dois encontraram-se, fizeram fotos, o pequeno de cinco anos subiu ao relvado de mãos dadas com Messi num jogo do Barcelona, naquele que deve ter sido um dos melhores momentos da sua vida.

Mas o que era um conto de fadas para o pequeno Murtaza transformou-se num pesadelo para os pais. Isto porque as pessoas da aldeia pensaram que Messi tinha dado dinheiro ao menino de cinco anos.

O pai da criança contou ao site 'Bleacher Report' que a sua família foi alvo de ameaças e tentativas de sequestro na aldeia onde viviam.

"A partir daquele momento, as pessoas começaram a pensar em que circunstâncias económicas estávamos, que nem sequer podia comprar uma camisola ao meu filho. Começaram a perguntar-nos se o Messi nos tinha dado dinheiro. À noite, comecei a perceber que havia gente a rondar a nossa casa. Foi muito incomodativo", contou Arif, o pai de Murtaza.

Estes problemas surgiram depois do staff de Messi ter enviado uma encomenda à casa Arif (a tal camisola autografada e uma bola), antes do encontro entre Messi e Murtaza em Doha. De repente, conta o pai do menino, começaram a espalhar na pequena aldeia, Jaghori, que Messi teria enviado dinheiro ao pequeno Murtaza. Além disso, Arif diz que chegou a receber uma carta de talibãs a ameaçar raptar a família.

Quando finalmente Murtaza encontrou-se com Messi em Doha, Qatar, Arif Ahmadi tinha esperanças que o argentino pudesse ajuda-los, tal como fez Cristiano Ronaldo com Zaid Abdul, um menino refugiado do Afeganistão que conheceu o craque português e cuja família recebeu asilo em Espanha.

"Quando fomos a Doha, pensámos que Messi era como Cristiano Ronaldo. Fomos a Doha para que o Messi pudesse fazer algo por ele, mas ele não fez nada", explica Arif ao Bleacher Report'.

O encontro com Messi só piorou a vida de Murtaza Ahmadi e restante família: "Recebemos muitas ameaças de sequestro. Todos pensavam que Messi nos tinha dado muito dinheiro. Foi muito difícil", recorda o pai do pequeno Murtaza Ahmadi.

Arif Ahmadi teve de enviar Murtaza para viver com um tio em Kabul, a 300 km de casa, onde o filho pudesse viver com mais segurança.