O diretor clínico do Estoril Praia, Arnaldo Abrantes, admitiu hoje que será necessário realizar uma pré-época no regresso do futebol à atividade e um trabalho psicológico de reintegração social junto dos jogadores, na sequência da pandemia de covid-19.

“Será, obviamente, necessário fazer uma pré-época. Os jogadores já estão há mais de três semanas em isolamento e esperamos que se prolongue por um pouco mais de tempo”, explicou o médico ‘estorilista’, numa videoconferência com os jornalistas, evitando avançar já com prazos: “Se não tivermos nenhum tempo para trabalho individual, iremos precisar de pelo menos três ou quatro semanas de treino coletivo. Se tivermos um bocadinho mais de treino individual, se calhar podemos gerir melhor o treino coletivo”.

Arnaldo Abrantes tem sido um dos especialistas envolvidos na definição dos planos da Liga para o retorno aos relvados, tendo sublinhando que o objetivo é “criar a maior segurança possível”.

Contudo, os efeitos psicológicos da quarentena e uma eventual ‘fobia’ social são aspetos que os departamentos médicos dos clubes ainda não conseguem precisar com rigor.

“Não temos, infelizmente, muitos dados científicos que nos possam suportar, é tudo novo. Temos discutido muito isso nas reuniões que temos com diferentes clubes e com a parte da psicologia e saúde mental. Não só para os jogadores, vai ser difícil para nós estarmos ao lado de pessoas sem sabermos se estão infetadas. Não se muda o chip de um dia para o outro. Vai ter de haver uma transição, confiança e um trabalho nessa área para todos nós”, considerou.

Sem registo de jogadores “com sintomas suspeitos de covid-19 ou teste positivo”, o diretor clínico do Estoril, que ocupa o quarto lugar da II Liga, vincou que a pandemia ainda “não chegou ao pico” em Portugal e que os clubes seguem com atenção o que se tem passado também no futebol de outros países.

“Temos uma única medida: fecharmo-nos em casa para contermos a curva e deixarmos de ter a sobrecarga no Serviço Nacional de Saúde, em que parece que temos tido uma boa resposta. Mas também sabemos que não pode durar para sempre. Estamos a tentar ver o que acontece nos outros países e no futebol alemão têm começado com treinos individuais, que permitem que os jogadores não corram riscos e, ao mesmo tempo, consigam preparar-se fisicamente”, referiu.

Como antigo velocista, Arnaldo Abrantes assumiu que se sabe colocar na pele dos atletas e entender melhor as mentes destes perante a expectativa de regresso à competição, mas reconheceu, igualmente, as limitações dessa capacidade pessoal perante uma pandemia.

“Para um atleta estar bem, não basta estar só fisicamente bem, mas nunca vivi uma pandemia enquanto atleta, nenhum de nós viveu”, finalizou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 70 mil. Dos casos de infeção, mais de 240 mil são considerados curados.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 311 mortes, mais 16 do que na véspera (+5,4%), e 11.730 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 452 em relação a domingo (+4%).

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