O mercado de transferências do futebol mundial ainda não começou e, porém, já foi contaminado pela pandemia da covid-19, que paralisou campeonatos, coloca clubes na rota da crise e inviabilizará a repetição dos grandes negócios dos últimos anos.

“O impacto é o maior da nossa existência em termos económicos em todas as áreas, portanto o futebol não foge à regra e vai sofrer esse impacto”, avisa Artur Fernandes, presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF), sublinhando: “A questão que se levanta é quais serão aqueles que vão conseguir sobreviver e aqueles que vão à bancarrota.”

Em declarações à Lusa, o empresário considera que “a crise veio para todos, mais grave do que a crise de 2008”, e que os seus efeitos se prolongarão muito além da presente temporada. Recolhido em casa e a fazer o “trabalho à distância”, Artur Fernandes defende que o futuro vai exigir uma adaptação de todos a “valores diferentes” nas transferências.

“Os clubes vão ter de baixar os valores dos passes dos jogadores, se os quiserem vender. Caso contrário, vão ter de ficar com eles. Tivemos a crise de 2008 a 2012 e essa não teve a dimensão que esta tem. Em 2008, ninguém deixou de trabalhar, de se movimentar ou de tentar produzir. Estamos parados há quase um mês e vamos estar mais um mês ou dois parados”, antevê.

Com a paragem das Ligas e a corrida contra o tempo para acabar as edições dos campeonatos europeus até 03 de agosto, a janela de transferências vai sofrer ajustes que ainda estão por ser conhecidos na plenitude. São vários os cenários que se desenham sobre o próximo mercado e o líder da ANAF assume que um período mais longo poderia atenuar a situação.

“Quanto mais tempo o mercado estiver aberto, mais possibilidades nos dá para fazermos mais operações, mas serão muito limitadas se os clubes não tiverem dinheiro. Mais importante do que a durabilidade é resolver a situação financeira. Haverá operações, mas serão mais baixas, com muitos empréstimos, muitas trocas, e poucas transferências altas”, vaticina.

A ideia de um mercado de transferências que venha a unir, após o epílogo desta época, as janelas de verão e de inverno tem sido veiculada na imprensa internacional. Para o advogado Gonçalo Almeida, especialista em Direito do Desporto, esta seria “uma boa solução”, face à necessidade de adaptação à realidade, mas lembra que a imposição de prazos é precipitada.

“Não sabemos quanto tempo é que esta emergência durará e quando as competições terão o seu término. Caso a pandemia fique resolvida em dois ou três meses - em tempo útil para os campeonatos se concluírem até ao final do ano -, parece-me preferível que a próxima janela de transferências seja a de inverno do que estar a incluir uma de verão mais tardia e fora de tempo”, observa, assumindo que esta é uma “situação inédita”.

Associada à questão do mercado de transferências está a da duração dos contratos dos jogadores, cujo prazo habitual de 30 de junho irá levar, inevitavelmente, a uma extensão. Segundo o jurista, que trabalhou na FIFA entre 2001 e 2006, será essencial haver “bom senso” e “flexibilidade”, nomeadamente nos casos em que já existe uma transferência acertada como jogador ‘livre’ a partir de 01 de julho.

“Não é possível um jogador ter contratos válidos que se sobreponham. O facto de esta situação excecional poder exigir que a época desportiva termine após a data inicialmente prevista, vai obrigar a que jogadores e clubes se sentem para negociar essa prorrogação. Sem esse acordo, não é possível fazê-lo unilateralmente. E se tiverem acordos com outros clubes, precisam também da anuência do outro emblema”, sentencia.

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